Quero a poesia
que denuncie as injustiças,
mas que não
deixe de cantar o amor.
Quero a poesia
que grite
com a força
das veias estouradas,
embora o poeta
pare e ouça
o canto azul
dos pássaros.
Quero a poesia
como um balaço no cão que sofre
de uma dor de
merda, inútil.
Quero a poesia
como a mão que afaga,
que ampara o
rosto que chora,
que trabalha a
massa
e divide o
pão.
Quero a poesia
que subverta as cabeças,
que pregue a
luta,
e da ordem.
Quero a poesia
pura como
coração de menino,
graciosa como
guerrilheira,
viril como
pétala, cristal.
Por isso tudo
a cabeça do poeta
é uma bomba-relógio.
Por isso o
corpo do poeta é magro.
Por isso é que
o poeta sonha com a justiça
embora não
tenha fé.
O poeta,
gente, é um ser desesperado.
(Itárcio Ferreira)
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