Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O AMOR CONDENA




 
O amor condena

com a força que eu imaginava

caber apenas nas ditaduras.



O amor condena

e estou prestes

a cumprir nova pena.


(Itárcio Ferreira)


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

NOVÍSSIMA POÉTICA ILUSTRADA





A poesia sai de mim 

como vômito,

alivia meu organismo.



Quando escrevo, canso

e durmo:

êxtase após o gozo.



Não tenho musas

ou paixões,

só a repulsa de ser

um projeto de banquete

para os vermes.



Grande final!


(Itárcio Ferreira)
    

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

ONDE MORA O AMOR?




Na infância aprendi que o amor

Morava em meu coração

E vinha de Deus.



Deveríamos amar pai e mãe, a família,

A liberdade, a pátria, os mais velhos,

Os inválidos.



Fazendo o ensino médio

Descobri que o amor vem do cérebro

E nada mais é do que reações químicas.



Na faculdade, estudando teologia,

Conheci os argumentos filosóficos

A favor da existência de Deus,

Mas também os contra a existência do mesmo “Deus”.



Pirei!

Misturei filosofia com cachaça,

História com maconha,

Crenças com poesia.



Aprendi que amar a família

É uma das características de vários animais.



A pátria é demarcada por urina

Por algumas espécies de mamíferos.



Velhos e desvalidos

São protegidos por manadas de elefantes

E grupos de primatas:

Neste ponto vim a perceber

Que o que chamamos de amor

E muito pequeno diante das atitudes

Solidárias dos macacos e elefantes,

Estes sim entendem o que é o amor.



Os mais velhos no capitalismo ou são predadores,

- banqueiros, financistas, generais, chefes de cartéis de drogas –

Que não merecem respeito de ninguém,

Ou caça: os trabalhadores, a quem devemos ser solidários,

Inclusive na luta, inclusive na revolução, inclusive na resistência.



O tempo urge, ruiva, foge.

Aos 50 anos tenho menos certezas

Do que tinha aos 12, 15 anos

- talvez fosse melhor ser um porco, que achas Platão?

Mas feliz! Talvez!



As hienas balançam suas jóias,

Em suas viagens internacionais,

Desfilam o último modelito exclusivo,

Com seus cartões de créditos sem limites,

Seus dentes e risadas, 

Causam-me medos, febres, tremores.



Quando me perguntam, ou me pergunto,

Onde mora o amor?

Olho em volta de mim

E vejo apenas os párias

Os desvalidos, os esquecidos,

Os abandonados, os invisíveis,

Os indesejáveis, os violentados, os injustiçados

Em seus mínimos direitos, em suas mínimas necessidades.



Respondo:

Não sei onde mora o amor,

Sequer sei o que é o amor.


(Itárcio Ferreira)