Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

POESIA, PARA QUÊ? (9)

Fernando Pessoa

 

“O poeta é um indisciplinador de almas”, Fernando Pessoa.


(Fernando António Nogueira Pessoa foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Wikipédia).


terça-feira, 15 de novembro de 2022

POESIA, PARA QUÊ? (8)

 

Manoel de Barros


Manoel de Barros: “O poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina”.

 

(Manoel Wenceslau Leite de Barros foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Wikipédia).


domingo, 30 de outubro de 2022

POESIA, PARA QUÊ? (7)

Platão

 

Para Platão, o poeta “é um ser sagrado porque está possuído pelos deuses”. 

 

(Platão foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Wikipédia)


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Para refletir (118)

Mao Tsé-Tung

“Numa sociedade de classes, cada indivíduo existe como membro de uma classe determinada, E cada forma de pensamento está invariavelmente marcada com o selo de uma classe”. (julho de 1937).


(MAO TSÉ-TUNG, “O livro vermelho, página 22, Editora Martin Claret, 2002). 

sábado, 15 de outubro de 2022

POESIA, PARA QUÊ? (6)


 

Fernando Pessoa:

Não tenho ambições nem desejos.

Ser poeta não é ambição minha.

É a minha maneira de estar sozinho.


(Segundo Dilva FrazãoFernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português. Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu profundo”, suas inquietações, sua solidão e seu tédio.)


sexta-feira, 30 de setembro de 2022

POESIA, PARA QUÊ? (5)

Paulo Leminski
 

A Paulo Leminski fizeram a seguinte pergunta:

-Poesia. Pra quê?

-“O puro valor da palavra está na poesia. Por isso é sempre considerada mercadoria difícil. Poesia não vende é um dos mandamentos do decálogo mínimo de qualquer editor sensato. Pois não vende mesmo. O destino da poesia é ser outra coisa, além ou aquém da mercadoria no mercado. Mal obram e mal pensam aqueles que reclamam da resistência em publicar poesia. Deveriam mais é ficar alegres. A poesia, afinal, é a última trincheira onde a arte se defende das tentações de virar ornamento e mercadoria, tentação a que tantas artes sucumbiram prazerosamente.

-Então, poesia pra quê?

-Felizmente pra nada.

-Servir pra quê? Num mundo em que tudo serve para alguma coisa e assim dar lucro, fundamental que algumas não sirvam pra nada”.


(Paulo Leminski Filho foi um escritor, poeta, músico, crítico literário, jornalista, publicitário, tradutor e professor brasileiro. Tinha uma poesia marcante, pois inventou um jeito próprio de escrever, com trocadilhos, brincadeiras com ditados populares e influência do haicai, além de abusar de gírias e palavrões. Wikipédia)


terça-feira, 20 de setembro de 2022

Para refletir (117)

Confúcio

O Mestre disse: “É mais difícil não reclamar da injustiça quando pobre do que não se comportar com arrogância quando rico”. 

(CONFÚCIO, “Os Analectos”, página 120, Editora L&PM) 


quinta-feira, 15 de setembro de 2022

POESIA, PARA QUE (4)


 

Numa entrevista, um jornalista perguntou a Jorge L. Borges:

-Para que serve a poesia? E ele respondeu:

-Para que serve a morte? Para que serve o sabor do café? Para que serve o universo? Para que sirvo eu? Para que servimos? Se uma pessoa lê uma poesia e se é digna dela, a recebe e agradece e sente emoção. E não é pouco isso. Sentir-se Comovido por um poema não é pouco. É algo que devemos agradecer”.


(Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Fez o colegial no Colégio Calvino, na Suíça. Estudou Direito na Universidade de Buenos Aires. Mais tarde, Borges estudou na Universidade de Cambridge para tornar-se professor. Wikipédia)


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A MULHER AMDA, poema de Marcelo Mário de Mello

 


A mulher amada
é uma fadinha boa.
A mulher amada
é uma pombinha.
A mulher amada
é o próprio céu
bordado de anjinhos
e anjinhas
e purezinhas
e belezinhas.A mulher amada
não tem nada feio.
A mulher amada
não faz nada feio.
E o peito
da mulher amada
é seio.
A mulher amada
minha namorada
não peida
não caga
e não dá mijada.
A mulher amada
quando mija
é só refresquinho
de graviola.
Ó mulher amada
flor da minha vida:
tu és uma santa
cagada e cuspida!

2010.

0 co

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

TANGA, poema de Ferreira Gullart

 



Havia o que se via

E o que não se via:

A manhã luminosa

Emcobria a treva

Abissal e velha dos espaços

O mar batia

Em frente a Forma de Amoedo e ali

Na areia

A gente mal ouvia se o ouvia.

 

E era então que ela súbito surgia

Rindo entre cabelos

A raquete na mão

E se movia

Ah, como se movia

 

E nessas translações nos descobria

Suas fases lunares:

O ombro

O dorso

A bunda

Lunar?

Estelar?

A bunda

Que (sob uma pétala

De azul)

Celeste me sorria.


sábado, 10 de setembro de 2022

AS 10 MELHOES MÚSICAS INTERNACIONAL DE TODOS OS TEMPOS


BLOWIN' IN THE WIND, DE BOB DYLAN

ALELUIA,  DE LEONARD COHEN

IMAGINE, DE JOHN LENNON

HERE COMES THE SUN (1969), DE GEORGE HARRISON

LIGHT MY FIRE, DE THE DOERS

THE SOUND OF SILENCA, DE PAUL SIMON

PROUD MARY, DE CREEDENCE CLAERWATER REVIVAL30) 

SMOOTH, DE SANTANA

SO FAR AWAY, DE DIRE STRAITS 

I CANT'T GET NO) SATISAFCTION, DOSS THE ROLLING STONES

 

MINHA DIETA FAVORITA - A DIETA DOS 4 ELEMENTOS


DIETA DOS 4 ELEMENTOS


OVOS

CARNES (BOI, PEIXE, PORCO, BACON)

SALADAS (DE PREFERNCIALMENTE FOLHAS)

AZEITE


A QUANTIDADE DE COMIDA POR REFEIÇÃO É LIVRE.


AS DEZ MELHORES MÚSICA BRASILEIRA DE TODOS OS TEMPOS, por Itárcio Ferreira

 


MUSA, DE ITÁRCIO FERREIRA E ROQUE BRAZ

OLHOS NOS OLHOS, DE CHICO BUARQUE

BARRIGA QUENTINHA, DE ITÁRCIO ITA

JOVENTUDE TRANSVIADA, DE LUIS MELODIA

PARALELAS, DE BELQUIOR

O VENDEDOR DE CARANGUEJOS, DE WALDECK ARTUR MACEDO / GORDURINHA

LUIZA, DE TOM JOBIM

O VELHO E A FLOR, DE VINÍCUIS DE MORAIOS

LOGUNEDÊ, DE GILBERTO GIL

CHEGANÇA, DE ANTONIO CARLOS NÓBREGA


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

OS DEZ MELHORES FILMES QUE ASSITI NA VIDA, por Itárcio Ferreira

 


I

CINEMA PARADISO (1988), GIUSEPPE TORNATORE

HAIR (1979), MILOŠ FORMAN

A DOCE VIDA (1960), DE FEDERICO FELLINI

O PODEROSO CHEFÃO (1872), FRANCIS FORD COPPOLA

OS SETE SAMURAIS (1954) AKIRA KUROSAWA


II


AMARELO MANGA (2002), DE CLÁUDIO ASSIS

ELES NÃO USAM BLACK-TIE (1981), LEON HIRSZMAN

MACUNAÍMA (1969), JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE

LAVOURA ARCAICA (2001), JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE

BACURAU (2019) ,KLEBER MENDONÇA


MARIA CLARA SPINELLI

 




A ATRIZ

 

Para Maria Clara Spinelli

 

Ao olhar o branco de tuas faces e sorrisos,

transmuto-me em nuvens carregadas de elementos:

o ar, a água e a energia, filha da perfeita respiração,

além da beleza, aos olhos sempre apreciada.

 

Ao descer dos montes, a terra, a terra vira poesia.

Mas bem que a visão, sempre influenciada por crenças, medos e fantasias,

não é o melhor dos sentidos, 

que a nós foi oferecido pela natureza,

para te perceber em profusão.

 

Andarilho, poeta, marginal, saltimbanco sem talento,

busco achar uma janela aberta em teu flanco desguarnecido,

saltá-la, para, tu desprevenida, assaltar teus sentimentos.

 

Os segredos e tesouros mais valiosos,

não precisam ser escondidos em cofres de ferro, que derretem,

em baús de madeira, que apodrecem,

em tumbas com maldições e venenos, mesmo assim sempre violadas,

devem apenas ser deixados de lado, ao relento, e num sorriso disfarçados,

porque a ganância cega os olhos e a mente do pior dos bandidos amaldiçoados.

 

Tua graça e beleza sem parâmetros

estão guardadas no invisível mundo etéreo das essências

onde mora tua alma, numa imensidão de desconhecidas e prazerosas emoções.

 

Entre alegorias esvoaçantes, amores, sonhos secretos e quereres, nem sempre percebidos,

juntam-se alegremente pequenos t(r)emores, ao palco, à atriz, à fala, ao êxtase sempre procurado:

criar o personagem perfeito, assim como do barro Deus moldou Lilith e de uma de suas costelas,  Adão, o seu amado.

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

EU ACREDITO EM MERITOCRÁCIA, por Itárcio Ferreira

Sim, eu acredito em contos de fadas.

Nasci em uma família de classe média, meu pai era funcionário público, tinha um bom salário, não éramos ricos, mas, vivíamos de forma satisfatória.

Papai sempre nos dizia, não tenho herança para deixar para vocês, apenas os estudos.

Eu era muito estudioso, fiz vários concursos públicos, e foi trabalhar do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, até me aposentar.

Eu tinha um Tio, chamava-se Antônio, para nós Tio Toinho.

Era um intelectual, rico, teve vários casamentos, mas nunca teve filhos.

EU era o filho que ele nunca teve.

Ganhava vários presentes, sempre livros ou discos.

Ganhei um livro de Poemas de Castro Alves; Os trabalhadores de mar, de Victor Hugo; e, como se dizia antigamente, vários LPs de músicas eruditas, óperas, etc.

A casa de titio era enorme, e tinha uma biblioteca gigantesca, um incrível mundo de Borges.

Ali eu poderia morar, morrer...

Eu tinha a chave da casa de titio, mesmo ele não estando lá, eu poderia entrar, ficava na biblioteca lendo, dormia, etc.

Quando titio adoeceu ele me disse, I., vou deixar para você de herança e minha biblioteca.

Eu não sabia se ria ou chorava.

Se ria, porque eu nunca conseguiria comprar uma biblioteca daquelas, o maior tesouro que eu podia imaginar.

Se chorava porque estava prestes a perder para a morte o meu tio querido, que, entre outras coisas, me apresentou ao universo das artes.

Após a morte de titio, recebi um telefonema de sua advogada, Dra. Irivanda, para comparecer ao juízo onde seria lido o testamento, uma formalidade necessária para a validade do ato.

Durante a leitura do testamento, onde seria dito que a enorme biblioteca agora era de minha propriedade, fiquei surpreso ao saber que, além da biblioteca, titio havia me deixado 60 imóveis de aluguel, para mim, em Recife, São Paulo e Rio de Janeiro.

Por isso, aos 32 anos eu havia me tornado um homem rico sem qualquer esforço.

Por isso, acredito em contos de fada.

domingo, 4 de setembro de 2022

POESIA, PARA QUE? (3)

 

Rainer M. Rilke

Rainer M. Rilke: “Os versos não são como se acredita, sentimentos apenas (estes nós os temos em demasia), mas são experiências. Para fazer um verso deve-se ver muitas cidades, seres humanos e coisas; deve-se aprender a conhecer os animais, sentir o voo dos pássaros e saber o gesto das pequenas flores quando se abrem ao amanhecer. É necessário recordar os caminhos já percorridos por lugares desconhecidos, encontros inesperados e despedidas pressentidas, os dias da infância surgidos de forma estranha, seguidos de profundas e graves transformações; os dias transcorridos sós e silenciosos; as manhãs perto do mar; pensar nas altas horas da noite cheias de murmúrios, levando consigo todas as estrelas do céu.

É preciso também ter lembranças de muitas noites de amor, das quais nenhuma foi igual à outra; recordar os gestos das parteiras. Deve-se também estar ao lado dos moribundos, ter sentado ao lado dos mortos, com uma janela aberta que bate constantemente e tão pouco basta em ter apenas lembranças. É necessário saber esquecê-las, se são muitas, a ter a grande paciência para esperar para que voltem, só quando estas lembranças se fazem em nós sangue, gesto, sem um nome que possamos distingui-las de nós mesmos, então pode acontecer numa hora insólita brote dentro delas a primeira palavra de um verso, de um poema e se leve a bom termo”.


(René Karl Wilhelm Johann Josef Maria Rilke, mais conhecido como Rainer Maria Rilke, ou por vezes também Rainer Maria von Rilke, foi um poeta e romancista austríaco. Ele é "amplamente reconhecido como um dos poetas de língua alemã mais liricamente intensos". Ele escreveu versos e prosa altamente lírica. Wikipédia)


sexta-feira, 2 de setembro de 2022

ELEIÇÕES 2022 -MEUS VOTOS

Foto: Ricardo Stuckert

PRESIDENTE                       -              LULA                                  -              13

GOVERNADORA               -              MARÍLIA ARRAES            -              77

SENADORA                        -              TERESA LEITÃO               -              130

DEPUTADA FEDERAL      -              LIANA CIRNE                   -              1310

DPUTADA ESTADUAL     -              SUZI RODRIGUES            -              13000


segunda-feira, 29 de agosto de 2022

PREZADO AMIGO AFONSINHO, por Itárcio Ferreira

 

Morreu Carlos Alberto Torres, capitão da seleção brasileira de futebol, campeã mundial em 1970.

Time considerado o melhor do Brasil em todos os tempos.

Há quem discorde, e eleja a seleção de Telê Santana de 1982, mesmo não tendo sido campeã.

Nunca soube nada da vida e do pensamento do “Capita”, apenas uma vez o vi comentar a final da copa do mundo de 1986, entre a Argentina de Maradona e a Alemanha.

Declarou que torcia pela Alemanha.

A Argentina venceu por 3X2.

Pensei, na época: “Como um negro latino-americano torce pela Alemanha em vez de torcer pelos nossos irmãos argentinos? ”

Ele tinha os seus motivos e eu os meus.

Ídolos futebolísticos tenho pouquíssimos: Afonsinho, Dr. Sócrates e Dom Diego Maradona.

AUTORRETRATO (2019), por Itárcio Ferreira

 

Frida Kahlo, 1940


Não pedi para estar aqui. Não pedi para ter consciência de que existo. Acho que esta é a pior tortura que possa sofrer um humano. Após os 50 anos, o que é o meu caso, tudo é excesso. Excesso de vida, amor, tristezas e derrotas. Sou um derrotista campeão. Sempre fico do lado perdedor. Histórias não faltam. 

Para não estourar, de repente, em um suicídio fracassado, sempre busquei as artes e o álcool. Eles têm um quê de alívio que a tudo supera. As demais tentativas de fuga, fora desta dupla, se mostraram falhas.

Primeiro casei, aos dezoito anos – antes disto, em lembranças que não possuo, tive pólio com um ano de idade – tive filhos, precisei trabalhar cedo, abandonei a música, ainda em aprendizado incipiente – mas, hoje tenho a consciência da falta de talento, o que diminui minhas dores.

A bebida é uma fuga espetacular, mas o corpo físico não nos compreende. Talvez por isso aprendi a amar – na verdade não sei o que é o amor – os livros, os poemas, os romances. Sou, em resumo, um fugitivo, e enquanto os excessos de anos dão-me vida, diminuo os sofrimentos através dos livros, pois, covarde para cair fora por conta própria.


VIA CRÚCIS: DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, por Itárcio Ferreira

 

Antônio Marcos

A internet é como aqueles antigos álbuns de fotografia, nos faz reviver o passado. Às vezes as lembranças são boas, outras, pesadelos. 

Dia desses encontrei no YouTube a música "O homem de Nazaré", interpretada por Antônio Marcos. 

A música me lembrou o tempo, terrível, em que estudei no Colégio Imaculado Coração de Maria, em Olinda, dos 12 aos 14 anos.  

Terrível porque naquela época, 1974/1976, eu era o cara mais tímido do mundo, de uma timidez doentia: eu era depressivo e não sabia. Só vim descobrir minha depressão aos 23 anos. 

Imaginem uma pessoa, em sua essencial, alegre, brincalhão, criativo, aprisionado no corpo de um pré-adolescente, ainda por cima deficiente físico, que mal conseguia dar bom aos amigos, quando na verdade tinha vontade de abraça-los, sorri, brincar, beijar. 

Não cometi suicídio por sorte, pois que nunca sofri bullying, ao contrário, apesar de super retraído e calado, haviam pessoas que gostavam de mim. 

No Imaculado lembro de André, um garoto um ano mais novo do que eu, cabelos loiros, que no recreio sempre ficava em minha companhia. Para o meu azar, seu pai foi transferido, a trabalho, para o Rio de Janeiro, e eu fiquei sem amigos. Obrigado, André. 

Havia também uma menina, Ana Paula Giffoni, linda, que gostava muito de mim e eu dela. Sempre conversávamos, e a companhia dela me fez atravessar aquele inferno com um pouco mais de alegria. Obrigado, Ana. 

Havia, ainda, uma outra menina, Ana Virgínia, por quem sempre fui apaixonado, mas, claro, ela nunca soube de minha paixão, nem que eu a achava a menina mais linda do mundo. 

Ah Antônio Marcos, era boa a lembrança da tua voz na canção "O homem de Nazaré", sempre tocada nas aulas de religião. Obrigado. 

Aqueles tempos foram tão terríveis quantos os anos que passei trabalhando na Caixa Econômica Federal, na agência Marcos Freire, também em Olinda, entre novembro de 1989 a março de 1995.  

Dali, ao contrário do Imaculado - André, Ana Paula, Ana Virgínia, Antônio Marcos - não consigo ter nenhuma lembrança agradável. 

Contratado para trabalhar seis horas diária, trabalhávamos dez, sem direito a horas extras ou folgas.  

Trabalhávamos por pressão, - hoje assédio moral - tudo tinha um horário limite: passar por telefone as aplicações do overnight; consertar os erros do sistema, na conta acerto, antes da agência abrir; etc.

Tudo sob pena de arcar financeiramente com os erros ou a demora em realizar procedimentos, o que, claro, pois sou humano e não máquina, vez por outra acontecia, e o desconto era feito no mesmo dia na minha conta corrente.

Óbvio que diante de tanto abuso a minha depressão voltou com força total. Vivia, e trabalhava, com a ajuda de medicamentos e uma grande dose de álcool.

Quem leu "Cartas na rua", de Charles Bukowski, sabe do que estou falando. E lá, na Caixa, não havia a voz de Antônio Marcos para me acalmar. Triste.