Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

"Odeio tudo que vem dos Estados Unidos"


“Eu acredito em Chávez, eu sou chavista, eu cresci com muitas

mentiras por parte do imperialismo e odeio tudo que vem dos

Estados Unidos, odeio com todas as minhas forças”.

(Maradona)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Maradona, poema de Mario Benedetti


 

Hoy tu tiempo es real, nadie lo inventa.
Y aunque otros olviden tus festejos,
las noches sin amor quedaron lejos
y lejos el pesar que desalienta.
Tu edad de otras edades se alimenta,
no importa lo que digan los espejos,
tus ojos todavía no están viejos
y miran sin mirar más de la cuenta.
Tu esperanza ya sabe su tamaño
y es por eso que no habrá quién la destruya.
Ya no te sentirás sólo ni extraño.
Vida tuya tendrás, y muerte tuya.
Ha pasado otro año y otro año le has ganado a tus sombras
¡Aleluya!

Mario Benedetti

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Para refletir sobre animais (2)

 

"Não devemos esquecer que os animais existem por sua própria razão. Eles não foram feitos para agradar os humanos" (Alice Walker).


(Alice Walker, escritora estado-unidense e ativista feminista)

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

UM CERTO SOL SOBRE SÃO PAULO, poema de Cida Pedrosa

 

                 para maria josé oiticica


o sol se põe em são paulo

a brisa rasteira
rasteja meus pés
que se põem entre o azul
e o mostarda do sofá da tua sala

o sol se põe
sob os aviões da planície
e eu
pássaro aceso
                     espero
nesta casa de marias
que voam nas asas da panair

o sol se põe sob são paulo
e eu
pássaro sem saída
                     grito
teu nome de ateu

são paulo anda à margem

à margem de mim
à margem de ti
à margem de nós

são paulo anda à margem do mar
e o pôr do sol voa mais alto
que as luzes de neon


Cida Pedrosa

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Ode à vida, poema de Viviane Mosé

 

A partir de um dia qualquer

Eu não estarei mais aqui

Sob este sol de inverno 

Sob esta luz sedutora

A tocar minha pele.

 

A partir de um dia qualquer 

Eu não mais me moverei

Por estes espaços

Escondidos entre as coisas 

Por estes sutis abismos

 

Para onde me guiei

Por minhas próprias mãos.

E não mais exultarei

Não transbordarei

Como de costume.

 

Haverá o dia em que 

O gosto na boca do café

E do poema não mais 

Encontrarão em mim

Um corpo onde deitar.

 

E o som das matas 

O vento nas folhas

O rio correndo 

Meu filho dizendo mãe 

Não mais perpassarão

Os meus ouvidos.

 

As cidades, as pessoas

O trânsito lento, as festas 

De rua, os banhos de mar

Continuarão sem mim. 

 

Então que o meu rastro

Em forma de culto e de reza 

Em forma de mantra e de música,

seja o registro de um amor

Incondicional

Pela vida.

 

Esta vida, contraditória

Intensa e bela, 

A esta vida dedico

O meu melhor, se houver.

 

Viviane Mosé



sexta-feira, 13 de novembro de 2020

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Para refletir (115)

 

Thomas Sankara

“Nossa revolução só terá valor se, olhando para trás, para os lados e diante de nós, pudermos dizer que os burquinenses são, graças a ela, um pouco mais felizes. Porque eles têm água boa para beber, alimentação suficiente, uma saúde excelente, educação, casas decentes, estão mais bem-vestidos, têm direito ao lazer, oportunidade de gozar de mais liberdade, mais democracia, mais dignidade. […] A revolução é a felicidade. Sem a felicidade não podemos falar de sucesso”.

(Thomas Sankara, revolucionário marxista e líder político de Burkina Faso).



domingo, 4 de outubro de 2020

Formas de abençoar, poema de Alberto da Cunha Melo

 

Fique aqui mesmo, morra antes

de mim, mas não vá para o mundo.

Repito: não vá para o mundo,

que o mundo tem gente, meu filho.

 

Por mais calado que você

seja, será crucificado.

Por mais sozinho que você

seja, será crucificado.

 

Há uma mentira por aí

chamada infância, você tem?

Mesmo sem a ter, vai pagar

essa viagem que não fez.

 

Grande, muito grande é a força

desta noite que vem de longe.

Somos treva, a vida é apenas

puro lampejo do carvão.

 

No início, todos o perdoam,

esperando que você cresça,

esperando que você cresça

para nunca mais perdoá-lo.

 

Alberto da Cunha Melo

sábado, 29 de agosto de 2020

Meia noite meio poema, poema de Antônio de Pádua

Imagem: Amanda Perobelli/Reuters
 

Meia noite meio poema

A outra metade

Meta 

Apenas amanhã

Quem sabe 

Valha a pena

...

Manhã 

De um dia propício

Eis aqui tudo isso 

O início

.

A tarde corre

A ideia vai atrás

Foge 

Pra nunca mais

Quem quiser se perder

Nunca é tarde demais


Quem dera 

Ora quem dera

Fosse o leite

Mas agora

É o sangue 

derramado 

Que se chora


PÁDUA

 

Pádua é autor do livro de haikai “Menos, menos, menos

sábado, 22 de agosto de 2020

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Fruta Estranha, poema de Lewis Allan

 

Árvores do Sul
Dão fruta estranha;
Folha ou raiz,
Em sangue se banha;
Corpo de negro
Balançando, lento;
Fruta pendendo
De um galho ao vento.

Cena pastoril
Do Sul celebrado;
A boca torta
E o olho inchado;
Cheiro de magnólia
Chega e passa;
De repente o odor
De carne em brasa.

Eis uma fruta
Pra que o vento sugue,
Pra que um corvo puxe,
Pra que a chuva enrugue,
Pra que o Sol resseque,
Pra que o chão degluta,
Eis uma estranha
E amarga fruta.

Lewis Allan (Psedônimo de Abel Meeropol)

Versão Carlos Rennó

Sobre o autor ler aqui: Abel Meeropol, vale a pena.

sábado, 8 de agosto de 2020

Morre Dom Pedro Casaldáliga (1928 - 2020)

 

Via CFFB

“Ser o que se é 

Falar o que se crê 

Crer no que se prega 

Viver o que se proclama 

Até as últimas consequências”.


Poemas e Livros de DOM PEDRO CASALDÁLIGA para baixar

Todos os livros e poemas do Poeta e Profeta para baixar gratuitamente.
 

Dom Pedro completou  90 anos de vida no dia 16 de fevereiro.

A pedido de Dom Pedro Casaldáliga, um grupo de seus amigos próximos organizou a uma biblioteca  online, onde estão todos seus escritos disponíveis a qualquer pessoa.

Dom Pedro Casaldáliga,  nascido em Balsareny, província de Barcelona, 16 de fevereiro de 1928 é um bispo católico radicado no Brasil desde 1968. Atualmente, é bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia.

Ingressou na Congregação Claretiana (Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria) em 1943, foi ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona, no dia 31 de maio de 1952. Após sua ordenação lecionou  em um colégio claretiano em Barbastro, e foi assessor dos Cursilhos de Cristandade e diretor da Revista Iris.

Em 1968, transferi-se para o Brasil fundando uma missão claretiana no Mato Grosso, uma região com um alto grau de analfabetismo, marginalização social e grande latifúndios, muitos conflitos de terra, onde eram comuns os assassinatos.

Foi nomeado administrador apostólico da prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso) no dia 27 de abril de 1970. O Papa Paulo VI o nomeou bispo prelado de São Félix do Araguaia , no dia 27 de agosto de 1971. Foi sagrado bispo em 23 de outubro de 1971, pelas mãos de Dom Fernando Gomes dos Santos, Arcebispo de Goiânia; de Dom Tomás Balduíno, OP; e Dom Juvenal Roriz, CSSR.

Na década de 1970, ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Defensor dos povos indígenas e dos camponeses,  adotou como lema para seu serviço pastoral: Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. É poeta, autor de várias obras sobre antropologia, sociologia e ecologia.

sábado, 20 de junho de 2020

Chico Buarque, o Grande Brasileiro.

Foto de Bel Pedrosa

Por Arnobio Rocha, em seu blog
“E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado”

Ora, se Milton Nascimento desafia a lógica com sua voz, que tantas vezes me faz pensar que se existissem anjos, eles teriam a voz de Milton. Com Chico Buarque a complexidade é ainda maior, a beleza estética seduz o mais contidos dos homens, nem posso imaginar o que provoca na mulheres. Ah, aqueles olhos, aquele charme, o sorriso sempre largo e verdadeiro, que timidez, nada tem.
O Francisco Buarque,  filho de dois grandes intelectuais do Brasil, Sérgio Buarque e Maria Amélia, deve ter nascido e crescido com esse “peso”, ao mesmo tempo, com a dádiva de um DNA impar, superar, especialmente o pai, ser filho de Sérgio, não parece ter sido fácil, olhando daqui de longe. Depois, Sérgio virou o pai do Chico.
Cada um de nós, de nossa idade e acima, como também para os mais jovens, tem o “seu” Chico Buarque, a sua forma de identificação com o maior compositor brasileiro, da segunda metade do século XX, do escritor genial, aquele que facilmente transitou da poesia para prosa, e fez o caminho de volta, e novos retornos com a mesma intensidade, que só apenas os gênios conseguem, tendo em nós fãs e admiradores a pedir um “bis”.
Chico entrou em minha vida, se bem me recordo ouvindo as músicas de minha irmã mais velha, em meado dos anos de 1970, entretanto, apenas no começo dos anos 80, definitivamente passei a ter nele a referência musical, intelectual, nesse sentido, Construção foi a música que mudou a minha forma de entender uma poesia, a minha relação com as letras e a compreensão da perfeição poética.
Uma poesia cartesiana, caprichosamente metrificada, sem uma única palavra fora do lugar, feita por um engenheiro, um arquiteto, um matemático, mas, antes de tudo, um filósofo.
Na época dava os primeiros passos no curso técnico de Telecomunicações, entretanto meu viver eram as ruas do movimento estudantil, vindo da periferia de Fortaleza, encantado com a poesia, as moças bonitas e pelo Chico. Ou poderia ser o contrário, inspirado por Chico, olhava as moças, cantava poesia, enquanto ia para as ruas para derrubar a ditadura.
Agradeço ao Chico, por ser parte fundamental de minha vida, de nossa geração heroica e trágica, que venceu uma ditadura, chegou ao governo, decaiu, sem jamais Chico envergar, deixar de ter LADO, o nosso lado, o lado do povo, da sensibilidade humana e da vida.
Viva, Chico, parabéns. Vida longa, lindo e poético como sempre.

segunda-feira, 13 de abril de 2020