A partir de um dia qualquer Eu não estarei mais aqui Sob este sol de inverno Sob esta luz sedutora A tocar minha pele. A partir de um dia qualquer Eu não mais me moverei Por estes espaços Escondidos entre as coisas Por estes sutis abismos Para onde me guiei Por minhas próprias mãos. E não mais exultarei Não transbordarei Como de costume. Haverá o dia em que O gosto na boca do café E do poema não mais Encontrarão em mim Um corpo onde deitar. E o som das matas O vento nas folhas O rio correndo Meu filho dizendo mãe Não mais perpassarão Os meus ouvidos. As cidades, as pessoas O trânsito lento, as festas De rua, os banhos de mar Continuarão sem mim. Então que o meu rastro Em forma de culto e de reza Em forma de mantra e de música, seja o registro de um amor Incondicional Pela vida. Esta vida, contraditória Intensa e bela, A esta vida dedico O meu melhor, se houver. Viviane Mosé |
"Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação." (Mário Quintana)
Aos Mestres, com carinho!

Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos