Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sexta-feira, 30 de março de 2018

quarta-feira, 28 de março de 2018

NATHÁLIA, O POEMA, poesia de Itárcio Ferreira


Quando penso em você
Todo o meu corpo,
Todo o meu ser,
É só sorrisos e felicidades.

As vezes me questiono
Como sobrevivi tantos anos
Sem te ter, te tocar, te morder?
E nunca chego a responder-me.

Juntos somos apenas um,
- um coração, um olhar, um gozo.
Separados metades de um imã
Que, movimento contrário, se atraem.

Abraçados pensamos que nossos corpos,
Templos de desejos e de amor,
Fundem-se numa única escultura
De intensos sobressaltos e orgasmos.

Por fim, nosso único medo,
Nossos mais intensos pesadelos,
É perdemos-nos, no mar da vida, sem bússola
Deixarmo-nos de ser um inteiro.

terça-feira, 27 de março de 2018

Como escrever melhor em 22 livros


Uma lista de livros para ajudar na sua jornada para ser um escritor dos bons



Não tem jeito. Escrita é suor. Quanto mais você escrever, melhor.
É importante ler também, claro. Analisar, entender o que cada autor utiliza como recurso para expor suas ideias ou construir uma narrativa.
Mas, para além desse trabalho de tatear às escuras e ganhar experiência, também é essencial ter um direcionamento, saber exatamente pra onde você está indo, colher informação sobre o que funciona e o que não funciona.
Essa é uma coletânea de bons livros de técnica pra quem quer entender melhor essa arte.
Foquei ao máximo em livros em português, mas não pensei antes de adicionar também algumas boas opções em inglês. :)
Postagem completa AQUI

Baby do Brasil e Elza Soares - "Brasileirinho"

segunda-feira, 26 de março de 2018

Tarefa, poema de Geir Campos



Morder o fruto amargo e não cuspir
mas avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros quanto é injusto,
sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros quanto é falso;
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
— do amargo e injusto e falso por mudar —
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.

Geir Campos

quinta-feira, 22 de março de 2018

A militância poética de Geir Campos

Geir Campos

Exemplo raro de poeta que uniu o rigor estético e literário com a luta social e política, o capixaba Geir Campos – que foi um dos editores do Violão de Rua do CPC da UNE em 1962 – é um desses autores que precisam ser redescobertos e difundidos.

Por José Carlos Ruy


O poeta comunista Geir Campos é um desses raros que conseguem unir o esmero artístico e literário com a expressão de um agudo conteúdo artístico de fundo político e social. Ele viveu entre 1924 e 1999, foi poeta, editor, livreiro, tradutor, professor e militante comunista. Faz parte daquela geração de escritores, poetas principalmente, da chamada geração de 1945, cuja obra floresceu no período da limitada democracia da Constituição de 1946 e que, no futuro, ficou injustamente à sombra de outra corrente que também se firmou naquele período mas que, dada sua ênfase nos aspectos formais do fazer artístico, foi colocada pela propaganda no primeiro plano, o chamado concretismo.

Do ponto de vista formal, tanto a obra de Geir Campos como a de outros que, como ele, colocaram sua arte a serviço da luta democrática e social, não ficam nada a dever aos concretistas. O que os diferencia é uma militância política mais nítida e daí, certamente, o pouco apreço com que, nas últimas décadas, são tratados pela mídia.

Em 2010 comemorou-se os 60 anos de sua estreia em livro: sua primeira coletânea de poemas, Rosa dos Rumos, foli lançada em 1950; este ano, comemora-se também os 60 anos da criação por Geir Campos, juntamente com o poeta Thiago de Melo, da editora Hipocampo, um empreendimento artesanal e revolucionário para a produção, pelos próprios autores, dos livros que escreviam. Em dois anos lançou vinte livros cujos projetos gráficos e editoriais, além evidentemente de seu conteúdo, os transformou hoje em raridades bibliográficas cobiçadíssimas pelos colecionadores. Os livros eram feitos na casa dos criadores da editora, numa impressora manual; suas capas eram dobradas na forma de envelopes onde eram colocadas as folhas avulsas, em edições que tinham em média uma tiragem de 120 exemplares, que eram vendidos antecipadamente, na forma de assinaturas.

Em 1962, Geir Campos foi um dos organizadores, juntamente com outro poeta, Moacyr Félix, dos Cadernos do Povo Brasileiro, Violão de Rua, publicados pelo Centro Popular de Cultura (CPC) da Une juntamente com a editora Civilização Brasileira. Geir Campos, como diz o professor Aníbal Bragança (Universidade Federal Fluminense), “não foi apenas um artesão da palavra e um operário do canto. Esteve em todas as frentes de ação pelo fortalecimento do livro, como editor, como bibliotecário, como tradutor, como líder da categoria, como professor e como autor. Autor, diga-se, de uma obra sólida e múltipla, rica e diversificada, que marcou a literatura brasileira da segunda metade deste século".


Alguns títulos

Antologia poética. Rio de Janeiro, Léo Christiano Editorial, 2003 (contém praticamente toda a obra poética de Geir Campos)

A Profissão do Poeta & Carta aos Livreiros do Brasil. Rio de Janeiro, Imprensa Oficial, 2002 (organizado por Aníbal Bragança e Maria Lizete dos Santos)

Tarefa. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira; São Paulo, Massao Ohno Editora. 1981 (antologia) 

Um poema:

Poética
Eu quisera ser claro de tal forma
que ao dizer:
              - rosa!
todos soubessem o que haviam de pensar…

Mais: quisera ser claro de tal forma
que ao dizer: 
              - já!
todos soubessem o que haveriam de fazer.
(1957)

Liberem as drogas!


sexta-feira, 16 de março de 2018

Agave, poema de Primo Levi



Não sou útil nem belo,
Não tenho cores alegres nem perfumes;
As minhas raízes roem o cimento
E as minhas folhas, marginadas por espinhos,
Protegem-me, afiadas como espadas.
Sou mudo. Só falo a minha linguagem de planta,
Difícil de entender por ti, homem.
É uma linguagem insólita,
Exótica, já que venho de muito longe,
De um país cruel,
Cheio de vento, venenos e vulcões.
Esperei muitos anos antes de expressar
Esta minha flor altíssima e desesperada,
Feia, fibrosa, rígida, mas estendida para o céu.
É a nossa maneira de gritar que
Morrerei amanhã. Compreendes-me agora?

Primo Levi 

Um mar de sangue


terça-feira, 13 de março de 2018

O fuzilamento de Federico Garcia Lorca



A fotografia do suposto fuzilamento de Federico Garcia Lorca é de uma improbabilidade histórica evidente.

Circula amplamente na Internet uma fotografia que seria do poeta e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca (1898-1936) sendo fuzilado. Tudo indica que a fotografia é “fake” por diversos motivos. Em primeiro lugar, estudos comprovam que Garcia Lorca foi baleado e morto de madrugada por franquistas numa estrada que liga as cidades espanholas de Víznar e Alfacar, e teve seu corpo enterrado numa cova rasa nas proximidades. Em segundo lugar o tipo físico do personagem que aparece na foto não corresponde nem um pouco com o de Lorca. A foto mais parece posada, quase cinematográfica. Na Internet todo cuidado é pouco para que não sejamos propagadores de falsas notícias ou imagens. 

Update: A minha querida amiga Rosa Freire d'Aguiar matou a charada. A imagem provém de um clipe de uma banda chamada Boikot. Muito obrigado Rosa, te devo essa, confiram: https://youtu.be/vgRn9EV15Wc