Esse
teto tranquilo, onde andam pombas,
Palpita
entre pinheiros, entre túmulos.
O
meio-dia justo nele incende
O
mar, o mar recomeçando sempre.
Oh,
recompensa, após um pensamento,
Um
longo olhar sobre a calma dos deuses!
Que
lavor puro de brilhos consome
Tanto
diamante de indistinta espuma
E
quanta paz parece conceber-se!
Quando
repousa sobre o abismo um sol,
Límpidas
obras de uma eterna causa
Fulge
o Tempo e o Sonho é sabedoria.
Tesouro
estável, templo de Minerva,
Massa
de calma e nítida reserva,
Água
franzida, olho que em ti escondes
Tanto
de sono sob um véu de chama,
— Ó
meu silêncio!… Um edifício na alma,
Cume
dourado de mil, telhas, teto!
Templo
do Templo, que um suspiro exprime,
Subo
a este ponto puro e me acostumo,
Todo
envolto por meu olhar marinho.
E
como aos deuses dádiva suprema,
O
resplendor solar sereno esparze
Na
altitude um desprezo soberano.
Como
em prazer o fruto se desfaz,
Como
em delícia muda sua ausência
Na
boca onde perece sua forma,
Aqui
aspiro meu futuro fumo,
Quando
o céu canta à alma consumida
A
mudança das margens em rumor.
(Trecho)
Tradução
de Darcy Damasceno