Nós
somos os homens ocos
Os
homens empalhados
Uns
nos outros amparados
O
elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas
vozes dessecadas,
Quando
juntos sussurramos,
São
quietas e inexpressas
Como
o vento na relva seca
Ou
pés de ratos sobre cacos
Em
nossa adega evaporada
Fôrma
sem forma, sombra sem cor
Força
paralisada, gesto sem vigor;
Aqueles
que atravessaram
De
olhos retos, para o outro reino da morte
Nos
recordam — se o fazem — não como violentas
Almas
danadas, mas apenas
Como
os homens ocos
Os
homens empalhados.
II
Os
olhos que temo encontrar em sonhos
No
reino de sonho da morte
Estes
não aparecem:
Lá,
os olhos são como a lâmina
Do
sol nos ossos de uma coluna
Lá,
uma árvore brande os ramos
E
as vozes estão no frêmito
Do
vento que está cantando
Mais
distantes e solenes
Que
uma estrela agonizante.
Que
eu demais não me aproxime
Do
reino de sonho da morte
Que
eu possa trajar ainda
Esses
tácitos disfarces
Pele
de rato, plumas de corvo, estacas cruzadas
E
comportar-me num campo
Como
o vento se comporta
Nem
mais um passo
—
Não este encontro derradeiro
No
reino crepuscular
(Trecho)
Tradução
de Ivan Junqueira