Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sábado, 22 de outubro de 2016

Nevoeiro Galeão, poema de Yusef Komunyakaa


Nuvens com cabeça de cavalo, bandeiras
& flâmulas atadas ao negrume
Das chaminés na névoa pantanosa.
Da brevíssima tranquilidade verde 
Alguns chamados de aves noturnas
Navio à vista, navio à vista!
Pressiono o rosto contra a janela
Do táxi. Outra vez aqui, face a face
Com uma fosforescência morta;
A cidade inteira cheira
Como o ódio mais antigo do mundo.
Escabroso resíduo acocorando sob
Enxofre & dióxido, esperando
Pelo amanhecer, como a carga
De um navio fantasma de partida para a Gália.
Vidro fresco contra a minha face 
Me traz de volta da negra escuna
No mar atemporal - tudo
Ofuscado pelas luzes do teatro
Piscando atrás do nublado
Comércio de engrenagens, de produtos químicos
Que transformam os trabalhadores em celulose
Quando eles caem em cubas
De serenidade vaporosa.

Yusef Komunyakaa

Tradução de Leonardo Morais