CORO DE ESPÍRITOS:
Cúpula que as nuvens fende!
Éden que áurea luz resplende!
Infindo, Vasto, Ilimitado,
És agora e fostes ontem!
Do presente e do passado
Do sempiterno Quando e Onde,
Câmara, santuário, lar,
Fixo domo a perdurar,
Dos atos e eras por passar!
Éden que áurea luz resplende!
Infindo, Vasto, Ilimitado,
És agora e fostes ontem!
Do presente e do passado
Do sempiterno Quando e Onde,
Câmara, santuário, lar,
Fixo domo a perdurar,
Dos atos e eras por passar!
Sopras vida a nobres mundos
Que constelam vãos profundos
E as mais desertas brenhas tuas,
Que a Terra seguem em sua dança;
E o alvo e frio cristal das luas;
E estrelas de fulgente trança;
E outros mundos verdejantes;
E, além da noite, os sóis distantes,
Átomos de luz radiantes.
Que constelam vãos profundos
E as mais desertas brenhas tuas,
Que a Terra seguem em sua dança;
E o alvo e frio cristal das luas;
E estrelas de fulgente trança;
E outros mundos verdejantes;
E, além da noite, os sóis distantes,
Átomos de luz radiantes.
Até o teu nome é como um deus,
Céu! pois mora em templos teus
Poderes em que enxerga o homem
Seu feitio, qual fosse espelho.
Vêm as gerações, e somem,
E a ti veneram de joelho.
Eles mesmos, seu panteão,
Fugazes, como um rio se vão:
Persiste — a tua imensidão. —
Céu! pois mora em templos teus
Poderes em que enxerga o homem
Seu feitio, qual fosse espelho.
Vêm as gerações, e somem,
E a ti veneram de joelho.
Eles mesmos, seu panteão,
Fugazes, como um rio se vão:
Persiste — a tua imensidão. —
UMA VOZ MAIS REMOTA:
És um átrio à Mente, apenas,
Aonde sobem ânsias terrenas
Como insetos numa catacumba,
Iluminados por sincelos;
Mas abre um mundo o umbral da tumba,
De graças que farão singelos
Teus feitos, mesmo o mais sobejo,
Não mais que um diurnal lampejo,
Breve sombra de um ensejo!
Aonde sobem ânsias terrenas
Como insetos numa catacumba,
Iluminados por sincelos;
Mas abre um mundo o umbral da tumba,
De graças que farão singelos
Teus feitos, mesmo o mais sobejo,
Não mais que um diurnal lampejo,
Breve sombra de um ensejo!
UMA VOZ AINDA MAIS ALTA E REMOTA:
Paz! Nascido do átomo, coroas
O abismo em ódio com tais loas!
Que é o Céu? E o que és e fazes,
Tu, que herdas sua extensão mais mínima?
Que são sóis e astros fugazes
Que o pulso desse Espírito anima,
Da qual és não mais que uma parte?
Quinhão que a Natureza comparte
Pingando em finas veias! Parte!
O abismo em ódio com tais loas!
Que é o Céu? E o que és e fazes,
Tu, que herdas sua extensão mais mínima?
Que são sóis e astros fugazes
Que o pulso desse Espírito anima,
Da qual és não mais que uma parte?
Quinhão que a Natureza comparte
Pingando em finas veias! Parte!
Que é o Céu? Um globo de orvalho,
Pela aurora a estilar do galho
No olho de uma jovem flor
Entre esferas impretensas:
Intactas nuvens de fulgor,
Dobram-se órbitas imensas,
Neste orbe a sucumbir,
Com outros milhões irão se unir,
Vibrar, faiscar e então sumir.
Tradução de Adriano Scandolara