Bruno Vaiano*, na Galileu
Não tenha medo. A
literatura não é o bicho de sete cabeças que o colégio te fez pensar que era.
Ela está nos alicerces da nossa cultura e sua influência está por todos os cantos.
Ela está tão impregnada na nossa formação, na verdade, que é bem provável que
você já goste de literatura e só não saiba disso ainda. A GALILEU selecionou
aulas, palestras e entrevistas com grandes professores e críticos literários do
Brasil e do exterior que te farão ir correndo para a livraria.
É bom começar pelo começo.
Paul Fry é especialista em poesia romântica britânica, mas aqui ele dá os
alicerces para qualquer um que queira se aprofundar no uso estético da palavra.
Seu curso, ministrado em Yale, passa por questões básicas, como “O que é literatura?”,
e dá um panorama da história, das tendências e das linhas de pensamento da
teoria literária. Perfeito para quem não quer fazer feio na mesa do bar — ou
para quem quer chegar afiado a aulas, palestras e entrevistas sobre autores
específicos como as que vem abaixo.
Depois das densas aulas de
nível universitário de Fry, você pode respirar vendo uma palestra de um dos
mestres da crítica literária contemporânea, o norte-americano Stephen Burt, no
TED. Ele fala de sua relação com a poesia com tanto amor que é fácil se
esquecer de que ele é um acadêmico. Mas sua palestra é uma resposta curta e concisa
a todos os céticos que perguntam qual é a importância dos versos.
André Malta, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
da USP, falando sobre A Ilíada, de Homero
15.693 versos escritos há
mais de 2 mil anos. É difícil imaginar um estudante que optaria espontaneamente
pela Ilíada como leitura de final de semana. Mas o professor da Universidade de
São Paulo (USP) André Malta não mede esforços em transformar o poema épico na
coisa mais legal de que você ouviu falar hoje.
José Miguel Wisnik, professor aposentado da FFLCH da USP, músico e
escritor, falando sobre o conto O Recado do Morro, de João Guimarães Rosa
O estilo de Guimarães Rosa
é desafiador. Ele conhece a língua portuguesa tão bem que inclusive criou suas
próprias palavras em incontáveis ocasiões (fizeram um dicionário só para ele).
Suas obras são tão detalhadas e ricas em possibilidades de interpretação quanto
seu uso do português, e elas podem ir de um pesadelo a uma experiência
reveladora pelas mãos de José Miguel Wisnik, músico crítico literário e
professor brasileiro. Wisnik te pega pela mão e vai revelando cada cantinho do
conto central da obra Corpo de Baile. E você ficará impressionado com quanta
coisa cabe em tão poucas páginas — ignore o cenário.
Quem tenta ler as
primeiras páginas de O Som e a Fúria cai da cadeira. Um fluxo de pensamento
interminável e impenetrável, com pontuação no mínimo ousada, introduz o leitor
à mente de uma personagem autista. É por meio de seus olhos que começamos a
assistir ao declínio de uma família aristocrática do sul dos EUA no início do
século 20. A obra é incrível, e pode ficar melhor com uma ajudinha da
professora Munira Mutran.
Nosso último vídeo não é
sobre um livro específico. Mas sobre quantos livros ainda há para ler por aí.
Ann Morgan, escritora e editora de livros britânica, resolveu ler uma obra
literária de cada país do mundo para saber o que estava perdendo. E descobriu
que era muita coisa. Um estímulo para você continuar atrás de cada vez mais
aulas.
*Com supervisão de Isabela Moreira