Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O POEMA E A SOLIDÃO, poesia de Itárcio Ferreira



Fazer poemas é uma arte solitária,
E o poeta que não é lido,
Disseram-me, a alma vai para o limbo.
Será?

Nunca tive na vida talento para nada,
Terei na morte?
Não sei, não sei...
Duvido.

Meu pai me queria doutor,
Médico ou juiz,
Como são engraçados os pais.

Tornei-me,
para desespero de minha alma,
Comunista,
Mas nunca tive carteirinha.

Quem recebe a maior maldição,
O comunista ou o ateu?
O alcoólatra ou o poeta?
Sou tudo isso e mais algumas coisas.

Queria-me músico,
Não fui, não tinha talento.
Bailarino,
Não pude, a pólio não me deixou.
Quantas impossibilidades!

Restou-me, para viver,
Ser servidor público: prostituto.
Mas, claro, sempre com a ajuda do uísque.
Calma,  Mayakovsky, da vodca também!

Quem não vive sem uma muleta?
Ou sem uma cadeira de rodas?

Cansei da solidão,
Vai-te embora poesia! Grito.
Mas ela se faz mouca.


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