"Então,
é isso, a vida
revelada
enfim após
tantos
espasmos e convulsões." WW
Eu,
abjeto, confesso:
o
conhecimento não pressupõe
a
superação de problemas.
Eu,
incestuoso
nivelo:
construir é destruir
é
mudar, tanto faz.
Eu,
narcisista, como Whitman
concebo
o homem
em
estado puro.
Eu,
anarquista
como
o Barbudo democrata
panteísta
que
só via o Todo
e
ainda assim
desprezando
regras morais.
Eu,
imoral
diante
da Morte celebrando a vida
— aquela
vida que se reproduz e
perpetua-se
e
rejuvenesce em outros corpos
feitos
de pólen ou de
esperma
no
ciclo infinito do universo.
Conhecimento
da vida
da
rua, do padecimento
— corpos
possuídos, devorados
para
a ressurreição
ou
sucessão.
Formas
que nascem e fenecem
que
renascem
que
não partam antes
que
nelas deposite
o
quanto trago acumulado.
Sêmen/te
o
caminho do Oriente
o
olho da serpente.
O
sexo contém tudo, corpos, almas...
Sentidos,
provas, pureza, leveza...
Eu,
pedaço de Tudo
sofro
a amputação
e
protesto:
quero
minha parte impura
confesso
minha covardia
proclamo
minhas limitações!!!
E
teço o canto do mal
e
comemoro essa parte de mim
Oh
varar noites, vendavais, fome e desejo
recusas
e atropelos, feito
árvores
e animais.
É
inscrever um poema
no
coração da América
e
na consciência do mundo
um poema-sujo
(que
é o mais limpo de todos
como
Gullar já demonstrou)
o
anti-poema de Nicanor Parra
um
hieróglifo, um código secreto
para
os iniciados
e
promover a leitura do Ser
em
nossas entranhas e
entrelinhas.
Perverter
os sentidos
em
busca dos sentidos.
Velho
amoral! Bruxo ianque!
Ilus.
de José Campos Biscardi
Extraído
de PERVERSOS. Brasília: Thesaurus, 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Apenas comentários inteligentes. Palavras chulas ou xingamentos serão deletados.