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sexta-feira, 7 de março de 2014

José Saramago (1922-2010) no seu livro A Caverna: o que importa é chegarmos à outra margem…


Publicado no blog PIMENTA NEGRA

“Há quem passe a vida inteira lendo sem conseguir ir para além da leitura, ficam agarrados às páginas, não entendem que as palavras são só pedras colocadas para atravessarmos a corrente de um rio, e se estão ali é para podermos chegar à outra margem, pois o que importa é a outra margem”
José Saramago (1922-2010), de um excerto do seu livro A Caverna (2000)

A caverna (2000) é um livro de José Saramago em que o escritor disseca, através da história de pessoas comuns, o impacto destruidor da economia capitalista sobre as economias tradicionais e locais. Trata-se da história de uma família de oleiros que vê a sua vida transformada com a chegada de um grande centro comercial à cidade. Nesta sua obra, José Saramago denuncia o processo acelerado de desumanização que estamos a viver.

O próprio shopping center pode ser fisicamente comparado a uma caverna, mas a história vai além dessa comparação, apesar do evidente paralelismo com o mito da caverna de Platão.

mito da caverna, também chamada de Alegoria da caverna,foi escrita pelo filósofo Platão, e encontra-se na obra intitulada A República (livro VII).
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.
Os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.

Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo então a autêntica realidade

Platão referia-se ao fugitivo que é capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não seria compreendido e seria como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância.



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Postagem programada - blogueiro de férias - 06/03 a 04/04/14.

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