EXTINÇÃO, poema de Régis Bonvicino, por Abujamra (Provocações)

O lobo-guará é manso

foge diante de qualquer ameaça

é solitário

avesso ao dia, tímido

detesta as cidades

onde quase sempre é atropelado

onívoro, com mandíbulas fracas

come pássaros, ratos, ovos, frutas

às vezes, quando está perdido,

vasculha latas de lixo nas ruas

engasga ao mastigar garrafas

de plástico ou isopores

se corta e ou morre ao morder

lâmpadas fluorescentes

ou engolir fios elétricos

morre ao lambar inseticidas

ou restos de tinta

ou ao engolir remédios vencidos

ou seringas e agulhas

descartáveis

dócil, sem astúcia,

é facilmente capturado e morto

por traficantes de pele

quando então uiva

(Régis Bonvicino)

Postagem programada - blogueiro de férias - 06/03 a 04/04/14.