Postado
originalmente em 29 de dezembro de 2013, às 02h01min.
Atualizado em 04 de março de 2014, às 10h02min.
******
Amo cinema!
A tela grande, o ritual de se
arrumar e sair de casa para um compromisso delicioso.
O escuro, que conduz os nossos
sentidos, capitaneados pela visão, tendo como coadjuvante a audição, o Sancho
Pança da história, como em um tubo mágico, diretamente para o filme.
O filme, se por acaso não for
bom, resta-nos o voyeurismo: casais de namorados, amassando-se; amigas que
gritam histéricas diante de um beijo ou um susto na tela; jovens amigos que perturbam
a sala no anonimato da noite artificial; um mundo a parte.
Com o advento do vídeo cassete e
sua rápida substituição pelos DVDs, imaginava que as salas de projeção iriam
acabar, e acabaram mesmo, infelizmente.
Não existem, pelo menos em minha
cidade, salas de cinemas; mas, complexos, shoppings, onde as salas são
inseridas como apenas mais um item de consumo, e os filmes, em sua maioria
“comédias” românticas de quinta categoria, como só as sabem fazer os
estadunidenses e os diretores-amebas das novelas globais, alçados, sem talento,
ao mundo mágico e sagrado do cinema. Heresias!
Os bons filmes a casa não
retornam? Claro que não, quando o sabemos, já não temos a oportunidade de
vê-los.
Fico com os DVDs. Os canais por
assinatura, um lixo.
Amo cinema! Nada de guaraná com
pipocas; guaraná mesmo, gosto com açaí.
A sala, a minha sala, meu pequeno
apartamento de dois quartos; oitenta metros quadrados. Um vinho, o filme
escolhido.
Sempre fico com a esperança de
que o protagonista, ou quem quer que seja não fume durante o meu devaneio
pelicular. Mentirinha! Caso contrário, não resisto e busco um cigarrinho.
Um copo de uísque, um vinho, uma
cerveja gelada, uma tequila, cachaça, vodka, tais personagem me trazem uma sede
de álcool e melancolia.
Um cigarro, um charuto, tão
irresistíveis, que tenho de parar a fita e sair para comprá-los, pois não os
mantenho em casa, com medo de sermos promíscuos.
Amo cinema! Amo personagens que
não são heróis, nem obrigatoriamente anti-heróis. Amo bebidas, cigarros,
atrizes.
Por fim amo-me e me abro. Guarda
sempre baixa em minhas confissões solitárias. Cercado de gingantes de concreto
e seres de corações consumistas, que me enjoam e me fazem procurar um remédio,
um antídoto para o meu mal estar.
Meu cachorro, um puro viralatês,
chama-se Fellini.
Simples assim, amo cinema!
(Itárcio Ferreira)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Apenas comentários inteligentes. Palavras chulas ou xingamentos serão deletados.