Há golpes na vida tão
fortes... Eu nem sei!
Golpes como do ódio de
Deus; como se ante eles
a ressaca de quanto
foi sofrido
se empoçara na alma...
Eu nem sei!
São poucos, porém
são... Abrem sulcos escuros
no rosto mais fero e
no lombo mais forte.
Serão talvez os potros
de bárbaros átilas;
ou os arautos negros
que nos manda a Morte.
São as caídas fundas
dos Cristos da alma,
de alguma fé adorável
que o Destino blasfema.
Esses golpes
sangrentos são as crepitações
de algum pão que na
porta do forno se queima.
E o homem... Pobre...
pobre! Volve os olhos, como
quando por sobre os
ombros nos chama uma palmada;
volve os olhos loucos,
e todo o vivido
se empoça, como charco
de culpa, na mirada.
Há golpes na vida tão
fortes... Eu nem sei!
Tradução de Fernando Mendes Vianna
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