Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

terça-feira, 15 de março de 2016

(A bandeira vermelha!) Notícia da Alemanha, poema de Bertolt Brecht

  

Soubemos que na Alemanha

Nos dias da peste marrom

No telhado de uma indústria de máquinas, subitamente

Uma bandeira vermelha tremulou no vento de novembro

A proscrita bandeira da liberdade!

Em pleno novembro cinza, do céu

Caiu uma mistura de chuva e neve

Mas era o dia sete: dia da Revolução!


E olhem: A bandeira vermelha!


Os trabalhadores nos pátios

Protegem os olhos com a mão e olham

Para o telhado, em meio à chuva de neve.


Então passam os caminhões com tropas de choque

E empurram para o muro quem está vestido como trabalhador

E atam com cordas os punhos que têm calos

E das barracas, após o interrogatório

Saem cambaleando os espancados, ensanguentados

Nenhum deles revelou o nome

Do homem sobre o telhado.


E assim levam embora todos os que calam

Os outros já tiveram o bastante.

Mas no dia seguinte ondulou novamente

No telhado da indústria de máquinas

A bandeira vermelha do proletariado. Novamente

Ressoam pela cidade quieta

Os passos das tropas de choque. Nos pátios

Não se avistam mais homens. Há somente mulheres

Com rostos de pedra: as mãos protegendo os olhos

Olham para o telhado, em meio à chuva de neve.


E o espancamento começa de novo. Interrogadas

As mulheres dizem: Esta bandeira

É um lençol no qual transportamos

Alguém que morreu ontem.

Não temos culpa pela cor que ela tem.

É vermelha do sangue do homem assassinado, vocês devem saber.




Bertolt Brecht

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