Não sei que angústia me incomoda o peito
que não posso estar firme nem parado.
Com o pensamento sempre desvairado,
falta-me calma até quando me deito.
A noite vago as ruas, odeio o leito,
não durmo, não descanso, não me enfado,
não fujo, não me mato, e o rosto irado
até de rir perdeu a forma e o jeito.
Por isso não te admire, amiga minha,
que ternura hoje em dia me careça
na voz, que tantas vezes te acarinha.
Mas é que sofro de sentir diverso:
e onde repousarei minha cabeça,
se a dor humana não couber num verso?
Via Memória das Pedras, blog do Poeta Carlos Maia
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