O despertador do celular tocou, como sempre,
às 6 horas. A mesma dificuldade de levantar toda manhã, ressaca do ansiolítico
e do antidepressivo para o sono pegar.
Levanto. Lava o rosto e a boca. Adio o banho
para depois do café. Primeiro um pequeno café para despertar, depois algo leve
para comer.
Já não dirijo há 5 anos. O trânsito é de
estressar um morto. Às 8 horas chega o rapaz que sempre me leva e me traz do
trabalho.
Durante o percurso, uns 40 minutos,
conversamos sobre qualquer coisa. Já somos amigos, serei seu padrinho de
casamento que ainda não está marcado.
No trabalho abro a minha sala. Trabalho
sozinho, mas, sempre recebo a visita de amigos.
Sala aberta, computador ligado, mais um café
de máquina e mãos à obra para produzir relatórios sobre a fiscalização das
contas dos governos estadual e municipais.
Servidor público. Trancado numa sala com ar
condicionado. Fazendo, há mais de 20 anos, relatórios e relatórios, é fácil
prever que a rotina, a repetição e a idade são fardos diários e pesadíssimos.
Enfim a hora do almoço, onde entre um colega e
outro podemos jogar conversa fora e descansar para o segundo tempo.
O segundo tempo é sempre mais lento. Às 4 da
tarde os aparelhos de ar condicionado são desligados, por medida de economia.
Quinze minutos depois já estou suando à beça.
Novamente espero o rapaz que me traz de volta
para casa. Já são 7 da noite.
Chego em casa cansado, às vezes janto, outras,
apenas um banho e cama.
Hoje estou no Estúdio das Quintas com a mestra
Márcia.