Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

APRESENTAÇÃO DO LIVRO “O GRITO”, DE ALDO LINS, por Itárcio Ferreira

 

Poeta Aldo Lins

São várias as formas de interpretação do mundo. Couberam as artes as mais demolidoras. O poema é a síntese da síntese das interpretações. Uma síntese na forma e um mar quando se trata de emoção e resinificados da palavra e de palavras.

O poeta, esse instrumento que é usado pelos poemas para nascerem, é um espectador privilegiado, antes de tudo. Um ser antenado à sensibilidade e um amante da revolução. Revolução aqui é usada no sentindo de que não suporta a realidade, como dizia Nietzsche.

Outra característica do ser poeta é a loucura. A lucidez não é matéria da poesia. Não suportando a realidade o ser poeta é um visionário. Encontra na loucura, mesmo que momentâneamente, o caminho a trilhar na busca incansável do poema.

Sendo o poema o resultado da loucura do poeta, da revolução interior, às vezes exterior também, temos em “O Grito”, o segundo livro do poeta Aldo Lins, paraibano, radicado há mais de 25 anos no Recife, a síntese das palavras colhidas no universo único que cada poeta constrói para si e seus leitores, com o objetivo de destruir a realidade perversa que exclui a quase todos.

Em “O Grito”, repete o poeta de “Alma de Vidro”, toda a sua forte, bela e “destruidora” poética aliada a magistral técnica de juntar palavras, a qual se referia Garcia Lorca. Vejamos alguns exemplos: “Não tínhamos sal, trufas ou frutas / A ferro e fogo cantávamos unidos Travessia” e “O cheiro da dor cinza pela estrada / Revela a tristeza da minha alma.”

Ao leitor deixo as últimas palavras, após sorver os poemas que Aldo Lins nos dá de presente neste novo “O Grito”, filho de “Alma de Vidro”, nascidos, ambos, das entranhas da vida do poeta-mambembe, do amor que o poeta nutre pela sua irmã Vera Lúcia Lins, que também é fonte de inspirações poéticas, das noites, das jornadas regadas a conversas e cervejas, das paixões explicitadas mensalmente, nos Saraus da Boa Vista, atividade cultural que agita as noites dos últimos sábados de cada mês, já há oito anos, tudo capitaneado pelo poeta da Boa Vista, e agitador cultural, Aldo Lins.

Itárcio Ferreira (poeta)