_Entre as coxas do meu Bem_
_Sustentei meu passarinho._
Sempre à lembrança me vem,
A par de angústias saudosas,
Horas, que tive, ditosas,
_Entre as coxas do meu Bem._
Sem que nos visse ninguém,
Quais aves no brando ninho,
Fruindo quanto carinho
A terna paixão inventa.
Do pomo, que amor sustenta,
_Sustentei meu passarinho._
Não invejava o que tem
D'ouro abastada porção,
Gemendo em doce prisão
Entre as coxas do meu Bem.
Ora um mimo... ora um desdém...
Ora um ai... ora um beijinho...
Preso ao meu o seu corpinho...
Turva a vista, a face acesa...
No maná da natureza
_Sustentei meu passarinho._
* Francisco Moniz Barreto nasceu na Vila de Jaguaripe, na Bahia. Além de grande poeta, foi militar e escriturário da alfândega.
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BUENO, Alexei. *Antologia pornográfica: de Gregório de Mattos a Glauco
Mattoso.* Edição Especial. Rio de Janeiro, RJ: Editora Nova Fronteira, 2011,
pp. 127-128