Canta para mim, Lia
as canções que só tu
e vó Lídia sabiam
cantar,
que esta vida está
que é uma dor só.
O amor vai devagar,
enquanto os anos
correm
a olhos vistos,
trazendo o desespero,
além, é claro, do reumatismo.
Medo tenho de que a solidão,
minha fiel
companheira,
seja minha última
paixão.
O corpo já não me
obedece
as ordens sem
reclamar,
o sexo que antes era
prazer
hoje me traz pesadelos
e noites de
insônia.
A poesia
(que seria a minha
vida sem ela, Alberto?)
ainda me ocorre de
momentos em momentos,
e é quase sempre feita
de lembranças,
de reclamos, de
detalhes, do que um dia fui.
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