Primeiro espreito-a, de longe,
folha branca sobre a mesa,
feito neve,
pele macia de mulher.
Depois,
a caneta deixada ao seu lado,
como quem não quer nada,
displicentemente.
Em outro momento,
a caneta já à mão,
o olhar sobre a folha em branco
se aprofunda, impaciente, ansioso.
Inquietante,
a mente busca decifrar
em sua brancura
as formas do poema.
Aos poucos o poema nasce:
primeiro a idéia, depois as palavras,
as frases, as estrofes.
E o poema alegra a folha
e a vida do poeta,
da mesma maneira que um filho
alegra a família
ou a morte a alma prisioneira.
Visitem o blog do poeta: Itárcio Ferreira, poemas