Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sábado, 16 de abril de 2016

O LIMITE DIÁFANO, poema de Sebastião Alba

«Se um dia encontrarem o teu irmão Dinis, 
o espólio será fácil de verificar: 
dois sapatos, a roupa do corpo 
e alguns papéis que a polícia não entenderá».


Movo-me nos bastidores da poesia,
e coro se de leve a escuto.
Mas o pão de cada dia
à noite está consumido,
e a alvorada seguinte
banha as suas escórias.
Palco só o da minha morte,
se no leito!,
com seu asseio sem derrame...
O lado para que durmo
é um limite diáfano:
aí os versos espigam.
Isso me basta. Acordo
antes que a seara amadureça
e na extensão pairem,
de Van Gogh, os corvos.

Sebastião Alba