Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sexta-feira, 14 de junho de 2013

TENHO MEDO



Que fazer, se minhas pernas desfalecem?

Se não há proteínas para estruturá-las?

                        Se meus músculos murcham

                        com a poliomielite

                        e meus ossos se desintegram

                        com a falta de cálcio?



Que fazer, se tenho medo?

Medo das flores, medo dos cães,

                        medo das crianças, medo da moça

                        de cara de cavalo

                        que sorri ao me ver passar.



Medo dos homens magros

que querem devorar-me.



Que fazer, se nas esquinas moram marginais

que não sabem escrever o nome?



Que fazer, se tenho medo

de morar em Pernambuco?


(Itárcio Ferreira)

2 comentários:

  1. "Provisoriamente não cantaremos o amor,
    que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
    Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
    não cantaremos o ódio porque esse não existe,
    existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
    o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
    o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
    cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
    cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
    depois morreremos de medo
    e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas."

    Congresso Internacional do Medo
    Carlos Drummond de Andrade

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