(Trilussa, cujo nome de batismo é Carlo Alberto Salustri foi um poeta satírico italiano,1871-1950)
O GATO SOCIALISTA
Um gato que bancava o socialista,
com o fim de chegar a deputado,
estava a comer um frango assado
na cozinha de um capitalista.
Outro gato, com lógica sectária
ao primeiro afirmou: - Estou contigo.
Pensa tu que eu também, querido amigo,
pertenço à mesma classe proletária.
E bem sei que se nestas revoadas,
eu quiser esse frango que dispões,
o partirás já, já, em duas porções,
pois não somos, debalde, camaradas.
- Isso não, disse o outro sem pudor,
eu não divido nada, ó meu artista.
Porque, se em jejum sou socialista,
comendo, sempre sou conservador.
com o fim de chegar a deputado,
estava a comer um frango assado
na cozinha de um capitalista.
Outro gato, com lógica sectária
ao primeiro afirmou: - Estou contigo.
Pensa tu que eu também, querido amigo,
pertenço à mesma classe proletária.
E bem sei que se nestas revoadas,
eu quiser esse frango que dispões,
o partirás já, já, em duas porções,
pois não somos, debalde, camaradas.
- Isso não, disse o outro sem pudor,
eu não divido nada, ó meu artista.
Porque, se em jejum sou socialista,
comendo, sempre sou conservador.
(Tradução de Breno di Grado)
CÃO POLICIAL
Saudei hoje um cachorro policial:
- Como vai? – Como todo bom rafeiro:
Cada ladrão que passa, isto é fatal!
Não fica em bons lençóis: sinto-lhe o cheiro,
Graças a este meu faro sem rival.
Nisto, aproxima-se um politiqueiro
Que hoje, se não me engano, é deputado.
Perguntei: - Não sentiu certo cheiro?
- Não, estou hoje muito indefluxado.
Com toda esta perícia,
Este cão vai a chefe de polícia.
(Tradução de Paulo Duarte in: Obras-primas da poesia
universal, Organização de Sérgio Milliet)
O PORCO E O BURRO
Um pobre Burro vendo para o prédio
do matadouro um porco amigo ir,
chorando disse: - Irmão, deves partir,
não nos veremos mais, não há remédio.
Precisas suportar esta medonha
sorte – lhe disse o Porco: - Não choremos,
talvez um dia nos reencontraremos
nalguma mortadela de Bolonha.
AVAREZA
Eu conheci um velho
rico, mas avarento a ponto tal
qu’olha o dinheiro dentro do espelho
para ver duplicado o capital.
E então diz: - Aquele o dou embora
porque me serve pra beneficência,
mas este o seguro por prudência...
E o fecha na gaveta sem demora.
(Tradução de Maria Luigia Magnavita Galeffi
“Divulgação da literatura italiana, um grande poeta dialetal: Trilussa”)
Créditos poemas: Diário Gauche e Firma Irreconhecível
Créditos da foto: Casa Trilussa
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