"Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação." (Mário Quintana)
Aos Mestres, com carinho!

Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos
terça-feira, 30 de abril de 2019
O QUINTO LIVRO, poema de Itárcio Ferreira
Havia homens, mulheres, páginas
Tinta e
entrelaçar de pernas e dedos.
Olha a sua mão e os seus cinco dedos
no centro encontra-se o Livro
O nome de Fátima é bendito
E todos os cinco sentidos
Têm medo de encontrá-lo em pesadelos.
Em suas páginas a Perfeição perseguida
pelos Deuses e alcançada por Hórus
Apenas ele e suas muralhas em volta de
seu corpo.
Após cinco dias nasce o milho
E o olho esquerdo passa a guiar seus
passos.
Nunca deves voltar ao ponto que era
escuridão.
Itárcio Ferreira
segunda-feira, 29 de abril de 2019
KARINA BUHR - "Nassiria e Najaf"
NASSIRIA E NAJAF
Dorme antes do míssil passar
Daqui a um segundo
eu posso não ter mais você
Você não mais que isso
Nossa casa explodir
Uma arma cravar meu corpo
Um corpo furar sua carne
Mesmo o que a gente não tem mais
pode morrer aqui
Não importam seus amigos anjos,
nem sua vontade de comer um bolo,
nem meu vestido novo,
nem meu vestido velho
Dorme logo antes que você morra!
Dorme logo antes que você morra!
Dorme antes do míssil passar
Daqui a um segundo
eu posso não ter mais você
Você não mais que isso
Nossa casa explodir
Uma arma cravar meu corpo
Um corpo furar sua carne
Mesmo o que a gente não tem mais
pode morrer aqui
Não importam seus amigos anjos,
nem sua vontade de comer um bolo,
nem meu vestido novo,
nem meu vestido velho
Dorme logo antes que você morra!
Dorme logo antes que você morra!
Está chovendo fogo
e as ruas estão queimando
Todo mundo assistindo
à gente desmilinguido
Nosso sangue derretendo
junto com o mundo,
que vai se acabando?
Não deu certo!
Tanto trabalho, tanto tempo,
planeta ser feito, gente ser feita,
não deu certo!
Dorme logo antes que você morra!
Dorme logo antes que você morra!
Essa é pras criancinhas de Nassiria, Najaf, em Bagdá,
uma canção de ninar
Essa é pras criancinhas de Nassiria, Najaf, em Bagdá,
uma canção de ninar
Dorme logo antes que você morra!
Dorme logo antes que você morra!
Dorme logo antes que você morra!
Dorme logo antes que você morra!
KARINA BUHR
O amor comeu meu nome, poema de João Cabral de Melo Neto
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu
retrato. O amor comeu minha certidão de idade,
minha genealogia, meu endereço. O amor comeu
meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos
os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas
camisas. O amor comeu metros e metros de
gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o
número de meus sapatos, o tamanho de meus
chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a
cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas
médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas,
minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus
testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de
poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações
em verso. Comeu no dicionário as palavras que
poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso:
pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto
ainda, o amor devorou o uso de
meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada
no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto
mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu
a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de
propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos
que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde
irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta,
cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas.
O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos,
e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua
chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba
de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam
sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas
de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a
água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os
mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde
ácido das plantas de cana cobrindo os morros
regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo
trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de
cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de
que eu desesperava por não saber falar
delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas
folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de
meu relógio, os anos que as linhas de minha mão
asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro
grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da
terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e
minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu
silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
retrato. O amor comeu minha certidão de idade,
minha genealogia, meu endereço. O amor comeu
meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos
os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas
camisas. O amor comeu metros e metros de
gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o
número de meus sapatos, o tamanho de meus
chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a
cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas
médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas,
minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus
testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de
poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações
em verso. Comeu no dicionário as palavras que
poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso:
pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto
ainda, o amor devorou o uso de
meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada
no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto
mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu
a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de
propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos
que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde
irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta,
cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas.
O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos,
e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua
chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba
de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam
sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas
de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a
água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os
mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde
ácido das plantas de cana cobrindo os morros
regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo
trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de
cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de
que eu desesperava por não saber falar
delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas
folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de
meu relógio, os anos que as linhas de minha mão
asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro
grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da
terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e
minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu
silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto
domingo, 28 de abril de 2019
NINGUÉM MEU AMOR, poema de Sebastião Alba
Ninguém
meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos.
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos.
Sebastião Alba
sábado, 27 de abril de 2019
Despedida, poema de Cecília Meireles
Por
mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.
Cecília Meireles
sexta-feira, 26 de abril de 2019
Grândola, vila morena – Pequena história de uma grande canção
Via AJA
Por Carlos Loures
Em
17 de Maio de 1964, José Afonso actuou na Sociedade Musical
Fraternidade Operária Grandolense, à qual dedicou Grândola,
Vila Morena.
Num apêndice da primeira edição de Cantares,
dizia: “Pequena homenagem à Sociedade Musical Fraternidade
Operária Grandolense, onde actuei juntamente com Carlos Paredes”.
Na primeira edição, de 1967 e com a chancela da Nova Realidade,
Tomar, – uma editora artesanal em que Manuel Simões, Júlio
Estudante e eu publicámos muitos livros que não poderiam ter sido
editados nos circuitos ditos normais – apenas figuravam as duas
primeiras quadras.
Quando,
em 1970, publicámos outro livro do Zeca, Cantar
de Novo,
com um magnífico prefácio de António Cabral, o poema surgia já na
sua forma definitiva, com três quadras. Mas, voltando à noite de
1964 em que o Zeca actuou na Sociedade Musical Fraternidade Operária
Grandolense, a «Música Velha», como a colectividade é designada
pelas gentes da terra, pode dizer-se que essa actuação mudou a sua
vida. Cantou perante uma assistência constituída maioritariamente
por gente pobre, mas faminta de cultura – trabalhadores da
indústria corticeira, amadores de música, ceifeiras, alguns
clandestinos ligados ao Partido Comunista… José Saramago, então
um escritor quase desconhecido, estava também entre a assistência.
Mais
tarde, após a morte de Zeca, Saramago interrogava-se sobre o que
José Afonso sentiria se pudesse observar o rumo social e político
do Portugal dos nossos dias – «Creio que estaria, pelo menos, tão
desanimado como eu», conclui o Nobel. Nesta sessão histórica,
conheceu Carlos Paredes, o prodigioso guitarrista – «o que esse
bicho faz com a guitarra!», exclamava Zeca numa carta aos pais.
Apaixonado pela vila, comprou uma pequena parcela de terreno em
Grândola, com uma modesta casa, onde gostava de passar os seus
tempos livres. Grândola cativara-o definitivamente pelo ambiente
fraterno que envolvia as suas gentes. Pedro Martins da Costa,
militante do PCP e, a partir de 1974, vice-presidente do município
durante mais de 25 anos, presente no famoso concerto de 1964, diz que
ao Zeca agradou sobretudo a igualdade que ali existia antes e depois
da Revolução de Abril – continuaram a ser «tão igualitários
que nem se sabia quem era o presidente». A letra da canção não
constitui, portanto, um conjunto de simples metáforas…
Em
Maio de 1972, numa récita em Santiago de Compostela, o Zeca estreava
a canção. Em 29 de Março de 1974, realizou-se no Coliseu dos
Recreios um «Canto Livre» onde, além de Zeca, participaram outros
cantores. Acabaram, interpretando em coro Grândola,
Vila Morena.
Oficiais do MFA que assistiam ao concerto, escolheram nesta altura a
senha para o arranque do levantamento militar. Para terminar,
voltemos a Grândola – durante anos, na placa toponímica da vila,
fechando o círculo de interacções entre a «cidade» e o seu
cantor, lia-se Grândola,
Vila Morena –
Grândola mudou a vida de Zeca e Zeca alterou a vida e a história da
vila. Actualmente, a placa foi retirada – decisão política?
Gostaria de saber. O que José Saramago fez por Mafra e o que José
Afonso fez por Grândola, provando que a arte ainda tem algum poder,
devia merecer o respeito e a gratidão não só das populações, mas
principalmente a dos autarcas – seja qual for o partido a que
pertençam. Sem generalizar, diria que, muitas vezes, à frente das
autarquias está gente mesquinha e rasteira que teme que a grandeza e
a glória de pessoas como o Saramago e o Zeca oculte a luz cediça
das suas insignificantes personalidades.
Como
se diz numa reportagem de Miguel Mora publicada no El País : «Hoje,
em pleno centro de Grândola, a Sociedade Musical Fraternidade
Operária Grandolense, continua de pé, sóbria e austera. Resiste,
embora tenha estado durante algum tempo fechada e rodeada de tapumes
para reconstrução. O tijolo, a construção civil, foram
substituindo a pouco e pouco a cortiça, o arroz como fonte de
riqueza do concelho». Os tapumes já foram retirados. Porém, no
interior vazio da Música Velha, subsistem, pelo menos no imaginário
dos que amam a liberdade, os ecos nostálgicos do que ali ocorreu
naquela noite mágica de Maio de 1964.
Moça Linda Bem Tratada, poema de Mário de Andrade
Moça linda bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.
Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.
Mulher gordaça, filó,
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência…
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência…
Plutocrata sem consciência,
Nada porta, terremoto
Que a porta de pobre arromba:
Uma bomba.
Nada porta, terremoto
Que a porta de pobre arromba:
Uma bomba.
Mário de Andrade
quinta-feira, 25 de abril de 2019
Canção da manhã, poema de Sylvia Plath
O
amor faz você funcionar como redondo relógio de ouro.
A parteira bateu em seus pés, e seu grito nu
Tomou lugar entre os elementos.
A parteira bateu em seus pés, e seu grito nu
Tomou lugar entre os elementos.
Nossas
vozes ecoam, exaltando sua chegada. Estátua nova
Num museu arejado, sua nudez
Assombra nossa segurança. Ficamos ao redor, brancos como paredes.
Num museu arejado, sua nudez
Assombra nossa segurança. Ficamos ao redor, brancos como paredes.
Sou
sua mãe
Tanto quanto a nuvem que destila um espelho que reflete seu lento
Desaparecimento na mão do vento.
Tanto quanto a nuvem que destila um espelho que reflete seu lento
Desaparecimento na mão do vento.
À
noite toda seu hálito de mariposa
Flutua entre rosas lisas. Acordo e ouço:
Longe, um mar se move em meu ouvido.
Flutua entre rosas lisas. Acordo e ouço:
Longe, um mar se move em meu ouvido.
Um
grito, e cambaleio para fora da cama, vaca obesa e florida
Em minha camisola vitoriana.
Sua boca se abre, limpa como a de um gato. A janela
Em minha camisola vitoriana.
Sua boca se abre, limpa como a de um gato. A janela
Embranquece
e engole suas estrelas torpes. E agora você ensaia
Seu punhado de notas;
As vogais claras sobem como balões.
Seu punhado de notas;
As vogais claras sobem como balões.
Sylvia Plath
quarta-feira, 24 de abril de 2019
IBIRAPUERA..., poema de Adalberto Monteiro
À
beira do lago,
uma família operária em piquenique.
A toalha vermelha
Estendida no gramado.
O pai oferece uma coxa de frango
Para uma garotinha que a morde
Com a melhor boca deste mundo.
uma família operária em piquenique.
A toalha vermelha
Estendida no gramado.
O pai oferece uma coxa de frango
Para uma garotinha que a morde
Com a melhor boca deste mundo.
terça-feira, 23 de abril de 2019
O QUARTO LIVRO, poema Itárcio Ferreira
És todo fígado
Dores, gorduras, cancro.
Havia um homem que cultivava barbas
e de suas barbas surgiam livros
de suas mãos intenções que formavam estrelas
e estas se apagavam ao vento assim o círio.
Quanto mais brancas as barbas
Mais de suas estantes nasciam livros do Livro.
Nasciam asas, mas também ilusões que não eram
azuis.
Somas dois quadrados pois és o fazendeiro
E de tuas minas escavaras o ouro e a tanzanita.
Darás de comer a quem o Livro folhear
E a espada para enfrentar os Quatros Cavaleiros.
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