Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sábado, 10 de junho de 2017

PAGANISMO, poema de Olegário Mariano

Olegário Mariano, 1931,
pintura de Cândido Portinari.

Sinto às vezes horror do modo diferente
Com que em louca emoção voluptuoso te espio,
Meu suave amor que tens a figura inocente
De um lírio muito branco, um lírio muito frio.

Ao meu olfato chega o perfume doentio
Do teu corpo mudado em corpo de serpente:
E através desse aspecto anêmico e sombrio
Meu desejo passeia alucinadamente.

Fauno, os olhos boiando em volúpias bizarras,
Quem me dera que tu viesses, na noite escura,
Minha fronte adornar de crótons e de parras,

E na calma do bosque onde o meu sonho medra,
Unisses para sempre, entre o amor e a loucura,
Os teus lábios de sangue aos meus lábios de pedra.

Olegário Mariano