‘A mente trivial é reconhecida pelo seu estilo afetado’
Via DCM
Por
Paulo Nogueira
Schoppenhauer
é um niilista brilhante. Foi fortemente influenciado pelo budismo e
sua visão de que a vida é sofrimento, sofrimento e ainda
sofrimento. O pensamento oriental o marcou tanto que ele deu a seu
poodle o nome de Atma – alma, em sânscrito. Sua frase clássica é
uma que diz:
“A pior coisa que pode acontecer a alguém é nascer”.
Fora
filosofar, Schoppenhauer foi, também, cultor do estilo. Escreveu um
livro chamado "A Arte de Escrever", lançado no Brasil pela LPM.
Selecionei alguns tópicos. Qualquer pessoas que escreva – ainda
que apenas emails – ganha lendo.
1)
Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é o sinal inconfundível da mediocridade. O homem inteligente resume, ao
contrário, muitos pensamentos em poucas palavras.
2)
Um bom cozinheiro pode dar gosto até a uma sola de sapato. Da mesma
forma, um bom escritor pode tornar interessante o assunto mais árido.
3)
Existem três classes de autores. Primeiro, aqueles que escrevem sem
pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou
diretamente a partir de livros alheios. Essa classe é a mais
numerosa. Em segundo lugar, há os que pensam para escrever. Eles
pensam justamente para escrever. São numerosos. Em terceiro lugar,
há os que pensaram antes de se pôr a escrever. Escrevem exatamente
porque pensaram. Estes são raros.
4)
Não há nenhum erro maior do que imaginar que a última palavra
usada é a melhor, que algo escrito mais recentemente constitui um
aprimoramento do que foi escrito antes, que toda mudança é um
progresso.
5)
Não há nada mais fácil do que escrever de maneira que ninguém
entenda. Em compensação, nada é tão difícil quanto expressar
pensamentos significativos de modo que todos os compreendam.
6)
Palavras ordinárias podem ser usadas para dizer coisas
extraordinárias.
7)
A mente trivial é reconhecida pelo seu estilo afetado.
8)
Como alguém que de tanto cavalgar desaprende de andar, alguns
eruditos de tanto ler livros se tornam burros.