A
primeira vez que vi um
sapato
velho na fiação
entendi
o abandono
de se ter uma alma
de se ter uma alma
Preferia
ter só asas
Assobio
de pássaros.
Folhagem
pisada.
Mas
me colocaram uma alma
Dentro
de um buraco,
Bem
na hora que o mundo deu um soluço.
Depois
do sapato velho na fiação,
não
adiantou mais ver quitanda e
suas
cores gentis.
Nem
mão de moço no rosto de moça
Tudo
parecia chuva
corroendo
carroça
na
contramão.
Vento
de través.
Telhas
encardidas
sem
promessa de
aventura
de criança.
Tentei
adestrar as gotas das lágrimas.
Enlouqueci
cada palavra do silêncio
até
que elas curassem.
Sentei
e ri da melancolia.
Não
adiantou.
A
alma e sua falta de carne
continuaram
enterradas
em
caverna
de
mãos vazias...
Como
uma canção
Sem
sintonia
de
um rádio
prestes
a ser desligado
antes
de dormir.