Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

As 20 melhores distopias da literatura

Cena do filme Blade Runner de Ridley Scott (1982)


O século XX representou o fim da esperança em uma sociedade utópica. Afinal, depois de duas grandes guerras mundiais e do conflito gerado entre o capitalismo e a alternativa econômica do sistema político oferecido pela URSS, ficamos sem disposição para sonhos. A ameaça de governos repressivos e totalitários em todo o mundo inspirou a criação de obras distópicas que seriam uma antítese da utopia imaginada em séculos passados. Sendo assim, a visão pessimista do mundo acabou se refletindo na criação literária o que explica o desenvolvimento deste estilo tão popular entre a juventude atualmente, como podemos constatar nas séries adaptadas para o cinema como Jogos Vorazes, a trilogia divergente e tantas outras. 

É interessante notar como os acontecimentos cruéis deste início de século XXI, norteados pelo fanatismo religioso, os interesses das grandes corporações, as tragédias ambientais e atentados terroristas transformaram os romances distópicos em ingênuos contos de fadas. Ou seja, a utopia parece uma ideia vinda de um passado remoto e a distopia uma presença verdadeira em muitos países do mundo atual. Segue abaixo, em ordem cronológica, uma seleção das 20 melhores distopias na literatura, desde o trabalho de autores pioneiros e visionários como H. G. Wells, Aldous Huxley e Kafka (que perceberam muito cedo o que o futuro nos reservava) até os autores contemporâneos como Michel Houellebecq.

(01) A Máquina do Tempo (1895) - H. G. Wells

Reconhecido como um precursor do gênero de ficção científica e o primeiro romance a descrever uma viagem no tempo, um tema apaixonante que foi abordado inúmeras vezes na literatura e no cinema. A raça humana, no ano de 802.701 está dividida entre os pacíficos e ociosos Elóis e os selvagens e canibais Morlocks que vivem no subterrâneo. 


(02) O Tacão de Ferro (1908) - Jack London

Este livro revela um lado pouco conhecido do autor que acreditava na criação de um Estado socialista. O romance mistura os gêneros de ficção científica e militância política ao ponto de ter causado uma "profunda impressão" em Trotski.


(03) Nós (1924) - Evgueny Zamiatin

Tomando como base a experiência das revoluções russas de 1905 e 1917 o enredo trata das impressões de um cientista sobre um Estado totalitário. Um livro que provavelmente inspirou George Orwell para a criação de 1984.


(04) O Processo (1925) - Franz Kafka

"Alguém certamente havia caluniado Josef K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum", assim tem início uma das obras mais importantes e influentes de Franz Kafka (1883 - 1924) na literatura e que de certa forma profetizou o absurdo das prisões sem motivo, perseguições e extermínio em massa durante regime nazista. Ler resenha do Mundo de K clicando aqui.


(05) Admirável Mundo Novo (1931) - Aldous Huxley

Na sociedade imaginada por Aldous Huxley (1894 - 1963) no futuro, não existiriam casais nem a geração através de gravidez. Os bebês seriam gerados e alimentados em incubadoras. Sendo assim, toda a sociedade seria formada por pessoas pré-condicionadas biologicamente e psicologicamente a viverem de acordo com as condições impostas pelo Estado.


(06) A Revolução dos Bichos (1945) - George Orwell


Uma grande e inteligente sátira ao governo de Stalin e à utopia socialista. George Orwell (1903 - 1950) imaginou uma revolta dos animais em uma fazenda contra a exploração do homem. Liderados pelos porcos, os animais tentam criar uma sociedade utópica, no entanto acabam reproduzindo o comportamento corrupto dos homens em um sistema de governo totalitário.


(07) 1984 (1949) - George Orwell

O romance se tornou um clássico ao descrever os abusos de controle do Estado na vida dos cidadãos. Muitas partes do enredo se tornaram famosas, como a imagem do "Big Brother". O objetivo do constante estado de guerra do governo imaginado por Orwell era o de manter o poder das classes altas, limitando o acesso à educação e aos bens materiais das classes menos favorecidas.


(08) Eu, Robô (1950) - Isaac Asimov

O livro é formado por nove contos que têm como elo de ligação a evolução dos robôs através do tempo. Isaac Asimov (1919 - 1992) imaginou as três leis da robótica, sendo a primeira delas a mais famosa e utilizada em outros argumentos de livros e roteiros de ficção científica: "um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal".


(09) Farenheit 451 (1953) - Ray Bradbury

Ray Bradbury (1920 - 2012) inventou um terrível mundo no qual os livros são proibidos e queimados, o povo mantido alienado através de programas interativos transmitidos continuamente por gigantescas telas de TV, objetos de consumo desta estranha sociedade. Ler resenha do Mundo de K clicando aqui.


(10) O Senhor das Moscas (1954) - William Golding

Um grupo de meninos, sobreviventes em uma paradisíaca ilha deserta, se organiza em uma sociedade à espera do resgate. Com o passar do tempo eles perdem toda a noção de civilidade em uma selvagem luta pelo poder. Um argumento assustador de William Golding (1911 - 1993) porque demonstra como ocorre a perda da inocência devido à natureza do mal que existe em todos os seres humanos.


(11) Laranja Mecânica (1962) - Anthony Burgess

Anthony Burgess (1917 - 1993) criou o enredo ambientado na Inglaterra em um futuro próximo e no qual prevalece uma cultura de violência juvenil, o protagonista narra em primeira pessoa as suas ações violentas e o tratamento imposto pelas autoridades com a intenção de reformá-lo.


(12) O Caçador de Andróides (1968) - Philip K. Dick

Com o título original de "Androides sonham com ovelhas elétricas?", este romance de Philip K. Dick (1928 - 1982), um mestre da ficção científica conta a crise moral de um caçador de recompensas que persegue andróides numa San Francisco distópica do futuro. A obra foi adaptada para o cinema com grande sucesso em 1982 por Ridley Scott, com o título de "Blade Runner".


(13) Neuromancer (1984) - William Gibson

Um romance que inaugurou uma nova categoria no gênero de ficção científica, chamada de "cyberpunk", introduzindo os conceitos de "inteligência artificial" e "cyberespaço" ao contar as desventuras de Case, um ex-hacker em busca de cura após ter sido envenenado pelos patrões.

(14) Oryx e Crake (2003) - Margaret Atwood

O mundo em um futuro próximo é habitado por criaturas biologicamente modificadas e tomadas pelo vício. O narrador protagonista é o Homem das Neves, um sobrevivente do antigo planeta.


(15) Não me Abandone Jamais (2005) - Kazuo Ishiguro

Seres humanos são criados para servirem como futuros doadores de órgãos, clones gerados e mantidos pela sociedade unicamente para esta finalidade. A sequência de cirurgias e recuperações terá quantidade e extensão dependentes apenas da resistência de cada doador. Um romance perturbador. Ler resenha do Mundo de K aqui.


(16) A Estrada (2007) - Cormac McCarthy


A epopéia de um pai e seu jovem filho ao longo de um período de vários meses através de uma paisagem devastada por um grande desastre que destruiu a civilização e a maior parte da vida na Terra. Premiado com o Pulitzer Prize de 2006.


(17) A Guimba (2008) - Will Self

Um país-continente fictício, provavelmente inspirado na Austrália, é o cenário deste romance que tem como protagonista um típico turista americano em férias com a família e que, ao lançar a guimba de seu cigarro da varanda do quarto de hotel, deflagra uma série de eventos ao ferir acidentalmente uma pessoa. O paraíso turístico se transforma em um pesadelo kafkiano. Ler resenha do Mundo de K aqui.


(18) Homem na Escuridão (2008) - Paul Auster

Um mundo paralelo onde, após as eleições presidenciais de 2000, os EUA sofrem um processo de secessão, com os estados abandonando a união e o início de uma sangrenta guerra civil.


(19) A Infância de Jesus (2013) - J.M. Coetzee

Um homem desembarca, juntamente com um menino, em um continente não identificado e em uma época não definida, juntos descobrem uma sociedade distópica e estatal, uma espécie de campo de refugiados no qual, diferente de outros cenários semelhantes da literatura, como o universo totalitário de Orwell em 1984, o que impera é a ingenuidade e apatia dos moradores. Ler resenha do Mundo de K clicando aqui.


(20) Submissão (2015) - Michel Houellebecq

Submissão parte do cenário político real da França na atualidade em direção a uma situação fictícia projetada por Houellebecq para um futuro próximo, em 2022, quando, após dois mandatos consecutivos do atual presidente François Hollande, as eleições presidenciais são vencidas por Mohammed Ben Abbes, o candidato do imaginário Partido da Fraternidade Muçulmana. Ler resenha do Mundo de K clicando aqui.

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