Tem
para mim
Chamados
de outro mundo
as
Noites perigosas e queimadas,
quando
a Lua aparece mais vermelha.
São
turvos sonhos, Mágoas proibidas,
são
Ouropéis antigos e fantasmas
que,
nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam
tudo o que desejo Aqui.
Será que mais Alguém vê e escuta?
Sinto
o roçar das asas Amarelas
e
escuto essas Canções encantatórias
que
tento, em vão, em mim desapossar.
Diluídos
na velha Luz da lua,
a
Quem dirigem seus terríveis cantos?
Pressinto
um murmuroso esvoejar:
passaram-me
por cima da cabeça
e,
como um Halo escuso, te envolveram.
Eis-te
no fogo, como um Fruto ardente,
a
ventania me agitando em torno
esse
cheiro que sai de teus cabelos.
Que
vale a natureza sem teus Olhos,
ó
Aquela por quem meu Sangue pulsa?
Da
terra sai um cheiro bom de vida
e
nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa
que teu cabelo, solto ao vento,
abrase
fundamente as minhas mãos...
Mas
não: a luz Escura inda te envolve,
o
vento encrespa as Àguas dos dois rios
e
continua a ronda, o Som do fogo.
Ó
meu amor, por que te ligo à Morte?
(Ariano
Suassuna)
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