Publicado originalmente em 21/07/2009, no Claudicando.
Às vezes nos sentimos sós, seres de outro planeta, dinossauros, por sermos ou termos uma visão diferente do mundo, da vida, do modo de viver ou de fazer algo, da maioria das pessoas com quem convivemos: em família, no trabalho, em encontros casuais.
Não sei vocês, onze leitores, mas sempre passo por situações assim.
Imaginem um cara extremamente tímido, com uma estrutura de caráter depressiva, viva Zapata! Viva o Prozac!
Deficiente físico, vivendo em uma sociedade onde o consumo e aparência são tudo.
Comunista, perdido na selva capitalista, pior: tendo vivido o auge do neoliberalismo que tinha como modelo – pasmem – Fujimori e o seu clone, FHC.
Não, é demais, como fugir de tudo isso? O único caminho foi o álcool. Puta que pariu! O cara ainda por cima é alcoólatra.
(Este parágrafo tem uma contradição, na verdade comecei a beber por causa da timidez, lá pelos onze anos, apenas acelerei o passo quando tomei ciência, sem gelo, do capitalismo.)
Este não tem jeito não, só Deus! Só Deus? Peraí só um pouquinho: também sou ateu!
Pois é, tímido, depressivo, deficiente físico, comunista, alcoólatra e ateu... Só o fogo!
Pois não é que com a internet percebo que não estou só nesta selva, que pessoas, sim, pessoas, se permitem pensar e falar, escrever sobre coisas que antes apenas cochichávamos em botecos, ao som de Chico, Belchior e sob o efeito do álcool e da maconha.
Todo este júbilo tem créditos, além de ter conseguido sair de uma crise depressiva que me deixou prostrado na cama por quase quatro dias, e de estar com algumas cervas geladas no quengo, é o excelente artigo: Ateus, saiam do armário! Ateísmo e falsas simetrias, de Idelber Avelar, do excelente O Biscoito fino e a massa.
Um aperitivo:
“Entendam o ponto de vista d’ O Biscoito Fino e a Massa sobre isso: tem que respeitar religião porra nenhuma. Tem que acabar com essa história de que, todas as vezes que apontamos a misoginia, a homofobia, os estupros de crianças, a guerra anticiência, os séculos de lambança obscurantista, sempre aparece alguém para dizer "ah, tem que respeitar minha religião".
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