os
deuses protegem meu corpo
como
o tapume circunscreve a catedral gótica
múmias
apoteóticas
via
régia de papiros a.C.
refúgio
do bardo pagão
na
abóbada
longe
das trincheiras da revolução francesa
homens
verdes urinam
de
mármore, rezas, artilharia e gana
faz-se
o caos
os
deuses protegem meu corpo
irrevogavelmente
politeísta
como
os índios costuram
palmeiras
nas ocas
espectros
melífluos batizados no círculo mágico
desmistificação
de aporias
jesuítas
poluíram rios amazônicos com água benta
botos-cor-de-rosa
engravidaram índias com sêmen europeu
os
deuses protegem meu corpo
com
o apetite irascível
dos
elefantes africanos que
acossam
as fêmeas
avançam
com peso e presas
estraçalham
carros e pessoas
trombas
bramindo:
"afastem-se
do que é meu".
Priscila
Merizzio