(A
Edson Nery da Fonseca)
É
um cão negro. É talvez o próprio Cão
assombrado
e fazendo assombração.
Estraçalha
o silêncio com seus uivos.
A
espada ígnea do olhar na escuridão
separa
a noite, abre um canal no escuro.
Cão
da Constelação do Grande Cão,
tombado
no quintal, espreita o pulo:
duendes,
fantasmas de ladrão no muro.
O
latido ancestral liberta a fome
de
tempo, e o cão, presa do faro, come
o
medo e a treva. Agita-se, devora
sua
ração de cor. Pois, louco e uivante,
lambe
os pontos cardeais, morde o levante
e
bebe o sangue matinal da aurora.
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