Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Valores includentes e excludentes

https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRbP4MstJLWg_14-CUJ-zMNvwFGx1lPrh6v7cJvsGprVOnW3ocn

Publicado originalmente em 27 de junho de 2009, no Claudicante.

Utilizo no texto “Ética e jornalismo” a expressão valores universais e moralmente superiores em contrapartida aos interesses financeiro-mercadológicos e ideológicos; e justamente condeno o viés ideológico único, dos donos do poder, que pode ser o dono do jornal, televisão, rádio, etc., atrelado ao grupo político dominante, que na época era a direita, representada aqui no Brasil por FHC, e no Peru, pelo ídolo dos neoliberais, Fujimori.


Atualizando, pois o texto é de 2002, se assistirmos ao Jornal Nacional, da Rede Globo, identificaremos claramente esse viés ideológico único, trabalho maravilhoso neste sentido foi realizado pelo Sakamoto; ao contrário, no Repórter Brasil, da TV Brasil, esse viés é, sempre, diluído, quando se ouve, sobre determinado e polêmico assunto, os dois lados da história, representantes das chamadas esquerda e direita.


Com certeza você situa, e corretamente, que a moral é produto do tempo, e também do espaço, não é estática, e reflete entre outros aspectos, as relações de produção e a cultura vigente.


Se optarmos pela idéia de um bem supremo, estaremos na companhia de Platão; ao contrário, na companhia de Pascal, nada mal.


Espinoza e Kant, principalmente este, buscaram princípios que, independente do tempo e da sociedade guiariam o homem na busca do bem, falharam? Acredito que sim. Na identificação do princípio, não que este não exista.


Seria o respeito à vida, a integridade física, por exemplo, valores universais?


Confesso que transito entre as duas posições - racionalismo e empirismo – apesar da marretada que vem com Nietzsche. Da mesma forma transito entre o ateísmo – às vezes convicto, como uma crença -, e o agnosticismo, achando-me incapaz de conceber qualquer verdade ou indício desta, ou seja, sou – ou somos? – uma metamorfose ambulante.


Quando no meu texto menciono valores universais e moralmente superiores, faço-o sob a ótica de Nietzsche - uma contradição? –, valores que façam com que o homem viva em sua plenitude a vida, valores que não subjuguem o homem ao homem, mais universais do que isto?


A busca da liberdade seria outro valor universal?


Vivemos num embate histórico, e mais uma vez não podemos nos abstrair do contexto social, do tempo, do espaço, das relações de produção, etc., mas situá-lo, para efeito didático e pontual, como no caso do artigo em questão, é a dicotomia direita-capitalista versus esquerda-socialista.


O que é ser de esquerda? Para mim é estar do lado dos excluídos, não apenas como torcida, mas em alguma forma de luta, nem que seja apenas a voz, o grito. E o que é ser de direita? É estar ao lado do capital, do lucro, da acumulação irracional, dos que exploram os excluídos.


Uma saída para identificarmos “valores universais e moralmente superiores”, talvez, não ao longo de toda a história do homem, não no aquém nem no além, mas no agora, na dicotomia esquerda-direita, sem querer ser o dono da verdade ou ter encontrado uma saída mágica para a questão, é questionar se os valores são excludentes ou includentes.


Se excludentes, são valores da direita-capitalista, portanto, não-universais e moralmente inferiores, vide ao que conduziram esses valores: a primeira guerra mundial, a segunda, a exploração cruel da Ásia e da África, só para ficarmos nos aperitivos.


Se includentes, são valores da esquerda-socialista: se quero comer todo dia, quero não apenas alimentos para mim ou para o meu grupo, mas para todos.


Isto é perigoso? Sim. Viver é perigoso. Einstein é perigoso? Quando coopera na produção de uma bomba atômica, sim. Um avião é perigoso? Quando bombardeia Gaza, sim. E uma faca? Quando assassina alguém, sim. Dependem do uso que demos a eles, aos valores.


Durante séculos vivemos sob a mentira de que valores superiores e universais eram os dos países capitalistas ricos. Houve até a decretação do fim da história. Até que em setembro de 2008, também para os mais céticos, a coisa ruiu. Vinha ruindo desde sempre, mais se acelerou com o neoliberalismo – obrigado São Reagan! Obrigado Santa Margareth Thatcher! -, e com a queda do muro de Berlim e a derrocada da União Soviética.


Portanto, sem medo de errar, apaixonado pela destruição apaixonada da moral “dos rebanhos” e “dos escravos”, de Nietzsche. Na crença, junto com os defensores do direito natural, de que existem direitos e valores inalienáveis. Considero como valores universais e moralmente superiores os valores includentes, aqueles que foram e serão gerados com a implantação de uma verdadeira sociedade socialista.



(Itárcio Ferreira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Apenas comentários inteligentes. Palavras chulas ou xingamentos serão deletados.