Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Se, poema de Rudyard Kipling


Se és capaz de manter a tua calma, quando
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso.
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar – sem que só a isso te atires,
de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores,
Se, encontrado a Desgraça e o Triunfo, conseguires
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
em armadilhas as verdades que disseste,
e as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
e perder, e ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!


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