Em abril, certa noite estive perto
da esperança do povo erguido em canto.
Antes nunca jamais meu peito certo
esteve da alegria, mas o pranto
foi que desceu lavrando no deserto
da praça desterrada. O meu espanto
não foi de ver o coração coberto
pelo medo feroz, de turvo manto.
Mas de ver que ninguém amar sabia,
como quem ama a rosa namorada,
a pátria de repente degradada.
Ver que ninguém na rua uma canção
cantou de amor chamando à rebeldia
para o trabalho amargo da alegria.
Thiago de Mello
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Apenas comentários inteligentes. Palavras chulas ou xingamentos serão deletados.