Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

ATÁVICA, poema de Adélia Prado


Minha mãe me dava o peito e eu escutava,
o ouvido colado à fonte dos seus suspiros:
‘Ô meu Deus, meu Jesus, misericórdia’.
Comia leite e culpa de estar alegre quando fico.
Se ficasse na roça ia ser carpideira, puxadeira de terço,
cantadeira, o que na vida é beleza sem esfuziamentos,
as tristezas maravilhosas.
Mas eu vim pra cidade fazer versos tão tristes
que dão gosto, meu Jesus misericórdia.
Por prazer da tristeza eu vivo alegre.

Adélia Prado