Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sábado, 22 de abril de 2017

CUMPLICIDADE, poema de Yusef Komunyakaa


       Alguém diz Tristão
& Isolda, o cálice partilhado
& votos quebrados unindo-os,
& alguém mais diz Romeu
& Julieta, lira e harpa de judeu
sussurrando uma jura proibida,
mas eu digo trompa à meia-noite
& uma voz com um irritado anjo
em si, os dois casados costela
a costela, nota por nota. Claro,
estou pensando naquelas terças
ou quintas no Billy Berg´s
em L.A. quando Lana Turner dizia
"Por favor, canta `Strange Fruit´
pra mim," & então dançava
a noite toda com Mel Torme,
como se ela soubesse o que custa
fazer latão e carne dizerem sim
sob as estrelas clandestinas
& um espiralar tão veloz, que não
sentimos mover-se o planeta.
É por isso que alguns de nós caem
de amores, reerguem-se? Lady Day
& Prez ora abraçam-se um ao outro
e rogam àqueles deuses notórios?
Eu não sei. Mas eu sei sim que
mesmo se trompa e voz sondam
o desconhecido, o que fica por dizer
aglutina ao redor de um velho blues,
e implora, com olhos amarelos de falcão.

Yusef Komunyakaa

Tradução de Ricardo Domeneck