O tempo que a dificuldade e a fartura andavam de mãos dadas...
Lembro-me
bem, das férias no campo,
O
“interior” da minha tia,
Do
banho de riacho
E
do frio que fazia
Lembro
bem, da hora que chegava
E
da hora que partia
Era
muito cedo
Que
nem sol fazia
Já
de madrugada
Tocava
o rádio a pilha
Era
de Reginaldo Rossi pra uma banda
Mas
eu logo dormia
Nessa
hora meu tio já ia pra roça
Quando
raiava o dia
Jogava
a inchada nas costas
Não
tinha outra proposta
Minha
tia e avó,
Logo
tratavam no pesado serviço das mulheres
De
“pilar” arroz a carregar por léguas
cabaça
d’água na cabeça
Quando
dava meio dia
Era
uma bacia cheia de comida
Era
tanta comida naquela bacia
Pros
homens da lida
Era
festa deixar comida na roça
Uma
distancia que nem sabia medir
Mas
era muito bom,
Eu
queria era me divertir
Quando
enfim chegávamos na roça
Os
homens estavam famintos
Comiam
tudo num instante
E
eram sempre franzinos
Quando
a gente avistava
Um
“paiol” de melância
Cada
um comia uma
A
gente merecia
Via
tanta fartura de melancia, melão
Que
inocente perguntava:
-Tio,
porque o senhor não dá aos vizinhos?
Ele
respondia:
-
Minha filha, todo mundo plantou e tem de sobra!
Ah!,
como lembro...
Saudosa
dos tempos em que tudo era difícil
Menos
a coragem de trabalhar
Da
fartura do plantar, colher pra comer...