Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

terça-feira, 4 de junho de 2019

ITINERÁRIO, por Itárcio Ferreira



O despertador do celular tocou, como sempre, às 6 horas. A mesma dificuldade de levantar toda manhã, ressaca do ansiolítico e do antidepressivo para o sono pegar.

Levanto. Lava o rosto e a boca. Adio o banho para depois do café. Primeiro um pequeno café para despertar, depois algo leve para comer.

Já não dirijo há 5 anos. O trânsito é de estressar um morto. Às 8 horas chega o rapaz que sempre me leva e me traz do trabalho.

Durante o percurso, uns 40 minutos, conversamos sobre qualquer coisa. Já somos amigos, serei seu padrinho de casamento que ainda não está marcado.

No trabalho abro a minha sala. Trabalho sozinho, mas, sempre recebo a visita de amigos.

Sala aberta, computador ligado, mais um café de máquina e mãos à obra para produzir relatórios sobre a fiscalização das contas dos governos estadual e municipais.

Servidor público. Trancado numa sala com ar condicionado. Fazendo, há mais de 20 anos, relatórios e relatórios, é fácil prever que a rotina, a repetição e a idade são fardos diários e pesadíssimos.

Enfim a hora do almoço, onde entre um colega e outro podemos jogar conversa fora e descansar para o segundo tempo.

O segundo tempo é sempre mais lento. Às 4 da tarde os aparelhos de ar condicionado são desligados, por medida de economia. Quinze minutos depois já estou suando à beça.

Novamente espero o rapaz que me traz de volta para casa. Já são 7 da noite.

Chego em casa cansado, às vezes janto, outras, apenas um banho e cama.

Dormo para acordar e de novo (o eterno retorno?) repetir meu itinerário.