Poeta Aldo Lins (Mercado da Boa Vista - Recife - 2017)
O que esperar dos dias de amanhã
Tempestades, revoluções,
armadilhas...
Morar numa bela casa de campo
E faltar pernas para correr ou
jogar.
O que pensar dos dias de amanhã
Que algum inimigo me estenda a mão
Quando já alta e fria a madrugada
A rua ferida eu não consigo
atravessar.
O que dizer dos dias de amanhã
Que não me falte a poesia, se o
tempo mudar
Com o olhar atroz dos meus algozes
Que ao meu exílio tentaram
dissimular.
O que fazer dos dias de amanhã
Semear saborosos versos no pomar,
Toda colheita e o clamor negro
Quando a turbulência e a
enfermidade chegar.
Vida curta, depressa! Curta.
De repente, vinte anos sem vida.
Ninguém é mais o mesmo
Que o espelho não consiga decifrar.
Aldo Ferreira Lins