"Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação." (Mário Quintana)
Aos Mestres, com carinho!

Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos
domingo, 30 de abril de 2017
O Guesa / Canto terceiro, poema de Sousândrade
As balseiras na luz resplandeciam —
oh! que formoso dia de verão!
Dragão dos mares, — na asa lhe rugiam
Vagas, no bojo indômito vulcão!
Sombrio, no convés, o Guesa errante
De um para outro lado passeava
Mudo, inquieto, rápido, inconstante,
E em desalinho o manto que trajava.
A fronte mais que nunca aflita, branca
E pálida, os cabelos em desordem,
Qual o que sonhos alta noite espanca,
"Acordem, olhos meus, dizia, acordem!"
E de través, espavorido olhando
Com olhos chamejantes da loucura,
Propendia p'ra as bordas, se alegrando
Ante a espuma que rindo-se murmura:
Sorrindo, qual quem da onda cristalina
Pressentia surgirem louras filhas;
Fitando olhos no sol, que já s'inclina,
E rindo, rindo ao perpassar das ilhas.
— Está ele assombrado?... Porém, certo
Dentro lhe idéia vária tumultua:
Fala de aparições que há no deserto,
Sobre as lagoas ao clarão da lua.
Imagens do ar, suaves, flutuantes,
Ou deliradas, do alcantil sonoro,
Cria nossa alma; imagens arrogantes,
Ou qual aquela, que há de riso e choro:
Uma imagem fatal (para o ocidente,
Para os campos formosos d'áureas gemas,
O sol, cingida a fronte de diademas,
índio e belo atravessa lentamente):
Estrela de carvão, astro apagado
Prende-se mal seguro, vivo e cego,
Na abóbada dos céus, — negro morcego
Estende as asas no ar equilibrado.
Sousândrade
sábado, 29 de abril de 2017
sexta-feira, 28 de abril de 2017
quinta-feira, 27 de abril de 2017
Revista Inutensílio - 1ª edição - Cinco poemas de Itárcio Ferreira
COMO FAZER UM POEMA
Primeiro, finja-se de morto,
distraído, o idiota da aldeia.
E como quem não quer nada,
agarre a perninha do poema.
Segure-a de leve, puxando-a com carinho.
Deite o poema no papel, sorria.
distraído, o idiota da aldeia.
E como quem não quer nada,
agarre a perninha do poema.
Segure-a de leve, puxando-a com carinho.
Deite o poema no papel, sorria.
Balance o pequeno poema recém-nascido,
examine-o: cada letra, cada palavra, cada som, cada silêncio.
examine-o: cada letra, cada palavra, cada som, cada silêncio.
Banhe-o com a palavra solidariedade,
que só pode ser encontrada no vocabulário do socialismo.
que só pode ser encontrada no vocabulário do socialismo.
Dispa-se de qualquer preconceito:
entregue-o ao leitor.
entregue-o ao leitor.
CINQUENTANOS
Quem é este que me olha do espelho
às seis da manhã
com os olhos ainda encharcados de sono?
às seis da manhã
com os olhos ainda encharcados de sono?
De repente brincava de pião com os amigos de infância,
agora vejo, no reflexo do espelho, um homem cansado e incrédulo:
a face com rugas em que navegam sonhos não realizados.
agora vejo, no reflexo do espelho, um homem cansado e incrédulo:
a face com rugas em que navegam sonhos não realizados.
O rosto no espelho me olha e pergunta-me quem sou.
Ontem, menino enamorado de minha primeira paixão,
hoje, avô e pai do meu pai a quem vejo, cada vez mais, em mim mesmo.
Ontem, menino enamorado de minha primeira paixão,
hoje, avô e pai do meu pai a quem vejo, cada vez mais, em mim mesmo.
Espelho, por que não me avisaste que os anos passavam sem que eu percebesse?
Como? Me dizes que dia a dia me mostrasses o meu caminho sem volta?
Não vi, não percebeste? E o espelho sorrindo: “Agora é tarde! Agora é tarde!”.
Como? Me dizes que dia a dia me mostrasses o meu caminho sem volta?
Não vi, não percebeste? E o espelho sorrindo: “Agora é tarde! Agora é tarde!”.
CESTA DE MAÇÃS
Fumo e bebo em busca do êxtase.
Nada se cria venerando Apolo.
Meu sangue é música e sexo.
Cigano, tenho por prisão o meu trabalho.
Burocrata, dignifico o capital.
Ah! a grande noite cai sobre a liberdade,
e ela é tão pesada.
A burguesia não apenas fede, ofende e mata.
As morais religiosas me causam vômitos, às vezes risos.
Mas prefiro os vômitos.
Por que devo assinar um contrato de fidelidade?
Amo o meu amigo sem precisar ir ao cartório.
A monogamia é monótona pra caralho.
E na monogamia o caralho não sobe.
O tempo não para, mas o relógio sim.
Por que não bate logo as dezoito horas?
Chega de renascimentos,
que venha rápido a imperfeição.
Raul, hoje comprei uma cesta de maçãs.
O ruim é esta sensação de culpa,
herdada das lições de cristianismo;
uma azia constante
e a porra da gordura no fígado.
Nada se cria venerando Apolo.
Meu sangue é música e sexo.
Cigano, tenho por prisão o meu trabalho.
Burocrata, dignifico o capital.
Ah! a grande noite cai sobre a liberdade,
e ela é tão pesada.
A burguesia não apenas fede, ofende e mata.
As morais religiosas me causam vômitos, às vezes risos.
Mas prefiro os vômitos.
Por que devo assinar um contrato de fidelidade?
Amo o meu amigo sem precisar ir ao cartório.
A monogamia é monótona pra caralho.
E na monogamia o caralho não sobe.
O tempo não para, mas o relógio sim.
Por que não bate logo as dezoito horas?
Chega de renascimentos,
que venha rápido a imperfeição.
Raul, hoje comprei uma cesta de maçãs.
O ruim é esta sensação de culpa,
herdada das lições de cristianismo;
uma azia constante
e a porra da gordura no fígado.
VIA LÁCTEA
Onde a noite esquivou-se?
A tristeza é meu cão guia.
O amor, bebo-o em grandes goles com gelo.
A alienação parece ser a pílula da felicidade.
Em branco, passo a compor a vida.
Desejos retesados quais cordas de um violino.
Desejei-a durante todo setembro, não a tive.
Outubro seguiu o som dos mergulhos.
Novembro, fiz aniversário.
Não sou nada.
Ocupo apenas os espaços esquecidos.
Silêncio.
Ninguém me ouve.
Reverbero-me em conchas e cristais.
O espaço é meu rádio.
O tempo, tenho-o de sobra,
mas não o posso aprisionar.
A tristeza é meu cão guia.
O amor, bebo-o em grandes goles com gelo.
A alienação parece ser a pílula da felicidade.
Em branco, passo a compor a vida.
Desejos retesados quais cordas de um violino.
Desejei-a durante todo setembro, não a tive.
Outubro seguiu o som dos mergulhos.
Novembro, fiz aniversário.
Não sou nada.
Ocupo apenas os espaços esquecidos.
Silêncio.
Ninguém me ouve.
Reverbero-me em conchas e cristais.
O espaço é meu rádio.
O tempo, tenho-o de sobra,
mas não o posso aprisionar.
O ÁLCOOL
Como é líquido o bebo.
Mas se fosse sólido e maleável aos dentes o comeria.
Pedra? O destroçaria até o ponto de consumo.
Éter? Viajaria em sua órbita junto com minha solidão.
Ah o álcool e suas fantasias!
Já fui mouro, capitão, menino de recados, marinheiro,
bandido perigoso procurado pela polícia, um Lúcio Flávio,
um Mordido do Porco.
Viajei com Cervantes, Dom Quixote e seu fiel escudeiro, o Sancho Pança,
onde nos confraternizamos com Júlio Verne e Isaac Assimov.
O álcool, conhecido por todos os povos, junto com a nefasta religião.
Sem o álcool, sou um funcionário público de oitava categoria,
tentando entender o mundo através dos livros, da música e da poesia;
da mediocridade, que alguns chamam de meritocracia, dos amigos e das mulheres, todos perdidos.
Sem o álcool encontro o nada, sou o nada, busco o nada:
na solidão, no pulo do décimo sétimo andar.
Mas se fosse sólido e maleável aos dentes o comeria.
Pedra? O destroçaria até o ponto de consumo.
Éter? Viajaria em sua órbita junto com minha solidão.
Ah o álcool e suas fantasias!
Já fui mouro, capitão, menino de recados, marinheiro,
bandido perigoso procurado pela polícia, um Lúcio Flávio,
um Mordido do Porco.
Viajei com Cervantes, Dom Quixote e seu fiel escudeiro, o Sancho Pança,
onde nos confraternizamos com Júlio Verne e Isaac Assimov.
O álcool, conhecido por todos os povos, junto com a nefasta religião.
Sem o álcool, sou um funcionário público de oitava categoria,
tentando entender o mundo através dos livros, da música e da poesia;
da mediocridade, que alguns chamam de meritocracia, dos amigos e das mulheres, todos perdidos.
Sem o álcool encontro o nada, sou o nada, busco o nada:
na solidão, no pulo do décimo sétimo andar.

quarta-feira, 26 de abril de 2017
TOURADA, poema de Itárcio Ferreira
Sorridente e tensa,
arco ao lançar a flecha,
que nunca mais voltará;
touro a enfrentar
a morte na arena,
tenso,
corda de violão ao romper o som,
lanças do cruel toureiro.
Itárcio Ferreira
terça-feira, 25 de abril de 2017
A DANÇA, poema de Pablo Neruda
Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem
orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra
maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
Pablo Neruda
segunda-feira, 24 de abril de 2017
Não conte pra ninguém, poema de Cora Coralina
mais bonita de Goiás.
Namoro a lua.
Namoro as estrelas.
Me dou bem
com o Rio Vermelho.
Tenho segredos
como os morros
que não é de advinhá.
Sou do beco do Mingu
sou do larguinho
do Rintintim.
Tenho um amor
que me espera
na rua da Machorra,
outro no Campo da Forca.
Gosto dessa rua
desde o tempo do bioco
e do batuque.
Já andei no Chupa Osso.
Saí lá no Zé Mole.
Procuro enterro de ouro.
Vou subir o Canta Galo
com dez roteiros na mão.
Se você quiser, moço,
vem comigo:
Vamos caçar esse ouro,
vamos fazer água... loucos
no Poço da Carioca,
sair debaixo das pontes,
dar que falar
às bocas de Goiás.
Já bebi água de rio
na concha de minha mão.
Fui velha quando era moça.
Tenho a idade de meus versos.
Acho que assim fica bem.
Sou velha namoradeira,
lancei a rede na lua,
ando catando estrelas.
Cora Coralina
domingo, 23 de abril de 2017
Cientistas chegam a mais provas de que os alienígenas não estão tentando se comunicar conosco
Via GizModo
Alguns
pesquisadores do SETI acreditam que a melhor forma de detectar alienígenas é
vasculhar o céu atrás de seus raios laser. Na maior pesquisa desse tipo,
astrônomos escanearam 5.600 estrelas em busca desses sinais ópticos e acharam…
absolutamente nada. Aqui vai o que isso significa para o SETI e outras buscas
por vida alienígena inteligente.
Em um
novo estudo aceito para publicação no Astronomical Journal, os astrônomos do
SETI Nathaniel Tellis e Geoffrey Marcy, da Universidade da Califórnia em
Berkeley, falam que eles foram incapazes de detectar assinaturas ópticas de
extraterrestres avançados em mais de 67.000 espectros individuais produzidos
por quase 5.600 estrelas na Via Láctea. Reveladoramente, cerca de duas mil
dessas estrelas são suspeitas de habitar planetas quentes parecidos com a
Terra, sugerindo que civilizações avançadas também não têm o hábito de
transmitir lasers poderosos através do cosmo, ou simplesmente não existem. De
maneira mais prática, quer dizer que devemos procurar sinais ópticos em outros
lugares e expandir a nossa busca para incluir diversos outras potenciais sinais
alienígenas. Para falar de maneira simples, não acabamos de procurar pelo ET.
Posto
isso, o resultado negativo é inegavelmente triste. Sinais de laser seriam um
jeito efetivo, barato e fácil de encontrar civilizações avançadas que
estivessem buscando nossa atenção. Usando tecnologia similar com a que temos
hoje, os alienígenas poderiam estar transmitindo deliberadamente sinais
artificiais visíveis, infravermelhos ou emissões ultravioletas para a nossa
estrela. Esses sinais dirigidos poderiam atrair a nossa atenção sendo contínuos
ou anormalmente poderosos, ou contendo sinais de artificialidade, como pulsos
inexplicáveis, ou uma linha de dados binários exprimindo algum tipo de fenômeno
matemático (por exemplo números primos ou o pi).
Antes desse estudo, os pesquisadores do SETI avaliaram cerca de 20 mil estrelas em busca de sinais ópticos no observatório de Harvard, Oak Ridge, gastando cerca de dez minutos em cada objeto. Claramente, se a frequência de pulso dos lasers é mais longa do que isso, se a transmissão de laser dos ETs for temporária ou tiver parado de funcionar, estamos sem sorte. Sem surpresas, não encontramos nada de interessante até agora.
O curioso silêncio do espaço está ficando cada vez mais alto com cada nova tentativa de detectar vida alienígena inteligente.
Em um
esforço para conduzir uma varredura mais pormenorizada dos céus, Tellis e Marcy
analisaram um monte de dados coletados pelo telescópio de dez metros Keck e seu
espectrômetro de alta resolução, HIRES, entre 2006 e 2016, como parte do
California Planet Search (CPS). As 5.600 estrelas inclusas no estudo, a maioria
estando a uma distância de 300 milhões de anos-luz, produziram 67.708 espectros
estelares individuais, em média 96 sinais espectrais por estrela.
“Esse
estudo junta a imensidão de dados coletados pelo telescópio Keck através de
décadas, maioria parte de projetos de caça a planetas”, explicou o astrônomo da
Penn State Jason Wright, que não estava envolvido no estudo, em uma entrevista
ao Gizmodo. “Isso o torna sensível a lasers relativamente fracos de milhares
das estrelas mais próximas e interessantes. É um ótimo exemplo de como o SETI
pode ‘pegar carona’ em outros estudos, procurando sinais que podem ter sido
ignorados ou jogados fora porque não eram o esperado ou porque pareciam muito
com alguma fonte de ruído conhecida.”
Armados
com esses dados, os pesquisadores então tiveram a tarefa de procurar por
assinaturas espectrais que, nas palavras dos autores, “seriam esperadas de
lasers ópticos alienígenas”. A potência desses lasers iria de 3 kW a 13 MW, o
que não é nada tão extremo.
Diferentemente
de sinais de rádio, que podem dissipar a longas distâncias, a luz laser
consegue manter sua integridade conforme viaja através do espaço. “Nós podemos
imaginar que seres mais tecnologicamente avançados que os humanos poderiam ser
capazes de construir lançadores laser com níveis de potência tão altos quanto
os detectados aqui, em qualquer um dos 5.600 sistemas solares que
investigamos”, explicaram os pesquisadores em seu estudo.
Para analisar essa década inteira de dados, Tellis e Marcy desenvolveram um algoritmo que era (ao menos em teoria) capaz de discernir um possível sinal alienígena dentro dos espectros naturais de uma estrela. Se um sinal artificial tivesse sido voltado para a terra, ele seria detectável como um número incomumente alto de prótons comparado com as emissões de fundo da estrela. O algoritmo foi configurado para marcar qualquer ocorrência de três pixels consecutivos que excedessem os limites impostos pelos pesquisadores.
“Procuramos
nos espectros a ‘claridade’ da estrela, relativa à luz que ela já está
emitindo, que estava junta tanto no comprimento de onda quanto no espaço”,
Tellis disse ao Gizmodo. “Encontrar um sinal que batesse com o perfil
instrumental do HIRES do Keck significaria quase sem erro que estávamos vendo
uma luz de laser, já que o espectro estelar normal contém apenas linha de
emissão termalmente ampliadas. Essa é uma das vantagens-chave em usar o Keck,
já que ele tem resolução espectral suficiente para distinguir os dois.”
Os
limites foram bem amplos, resultando em um conjunto inicial de 5.023
candidatos. Os pesquisadores manualmente separaram esses resultados (com os
olhos mesmo), diminuindo a lista cada vez mais, até identificarem a origem de
cada falso positivo. As origens mais comuns desses falsos positivos incluem
raios cósmicos, raios gama, radioatividade do observatório, moléculas na
atmosfera terrestre e emissões de estrelas próximas. Eventualmente, Tellis e
Marcy tiveram que aceitar a derrota.
“Nós
não encontramos nenhuma emissão laser vinda de regiões planetárias ao redor de
nenhuma das 5.600 estrelas”, concluíram os pesquisadores em seu estudo.
Esse
resultado seria um golpe duro na sugestão de que civilizações avançadas podem
durar milhares a milhões de anos, enquanto mandam sinais de “olá” para seus
vizinhos todos. Mesmo se apenas uma pequena fração dos cerca de dois mil
sistemas com planetas potencialmente similares à Terra tivesse civilizações
tecnológicas que tiveram tempo de deliberadamente apontar raios laser de vários
megawatt em nossa direção, nós teríamos detectado algum deles até agora.
“Esses
resultados colocam um limite máximo no número de civilizações transmitindo
lasers para nós enquanto estamos observando”, disse Tellis. “É apenas um tipo
de comunicação, mas nós acreditamos que, para a comunicação apontada, os lasers
são altamente funcionais.” Posto isso, ele admitiu que os lasers como um meio
de comunicação parecem bons para nós nesse momento dada a nossa relativa
juventude e que as estratégias de seu tipo dependem do acaso. “Nós precisamos
‘pegar’ seus sinais”, ele disse. “Mesmo assim, nós acreditamos que é um
resultado valioso que a galáxia aparentemente não está lotada de lasers tão
claros.”
Então,
ou as civilizações alienígenas avançadas não se comportam dessa forma (eles
escondem sua presença ou estão ocupados em outras atividades), ou elas não
existem. Também é possível que civilizações tecnológicas sejam excepcionalmente
raras na galáxia (tanto no tempo quanto no espaço), limitando enormemente a
habilidade dos pesquisadores de detectarem um sinal. Como os autores do novo
estudo admitiram, “nós precisamos começar a pensar se algumas teorias como o
chamado paradoxo de Fermi têm algum mérito”. Realmente, o estranho silêncio do
espaço está ficando cada vez mais alto com cada nova tentativa de detectar vida
alienígena inteligente.
Sem
data, os pesquisadores estão planejando uma pesquisa expandida. Como parte de
um esforço de U$ 100 milhões do Breakthrough Listen, eles agora vão virar suas
atenções para estrelas que foram ignoradas no estudo, incluindo estrelas anãs
marrom e outros fenômenos astronômicos curiosos. Além de sinais ópticos, os
pesquisadores do SETI podem procurar outros sinais de potencial vida alienígena
inteligente, como emissões de microondas ou neutrino, estruturas dysonianas,
sinais de dejetos industriais, habitats espaciais em trânsito etc.
Se os
alienígenas estiverem lá fora, nós vamos encontrá-los. Eventualmente.
[The Astronomical Journal (arXiv)]
[The Astronomical Journal (arXiv)]
sábado, 22 de abril de 2017
Ou é santa ou é Puta, poema de Anna Morgalisa
Ou senta ou some
Tu não guarda nenhum nome
Mas eu te tenho na escuta
Então lembra de uma coisa
Pra mim
Ou é mole ou é Dura
E mesmo a segunda
Não me serve
Se não me molho
Então me olha
No meu olho
E deixa eu ver teu passado
Teu presente
Teu futuro
Se ao menos me entende
Saiba que uma mulher só se deita
Dentro de si mesma
Ou acompanhada
Por alguém que a respeita
Anna Morgalisa
CUMPLICIDADE, poema de Yusef Komunyakaa
Alguém diz Tristão
& Isolda, o cálice partilhado
& votos quebrados unindo-os,
& alguém mais diz Romeu
& Julieta, lira e harpa de judeu
sussurrando uma jura proibida,
mas eu digo trompa à meia-noite
& uma voz com um irritado anjo
em si, os dois casados costela
a costela, nota por nota. Claro,
estou pensando naquelas terças
ou quintas no Billy Berg´s
em L.A. quando Lana Turner dizia
"Por favor, canta `Strange Fruit´
pra mim," & então dançava
a noite toda com Mel Torme,
como se ela soubesse o que custa
fazer latão e carne dizerem sim
sob as estrelas clandestinas
& um espiralar tão veloz, que não
sentimos mover-se o planeta.
É por isso que alguns de nós caem
de amores, reerguem-se? Lady Day
& Prez ora abraçam-se um ao outro
e rogam àqueles deuses notórios?
Eu não sei. Mas eu sei sim que
mesmo se trompa e voz sondam
o desconhecido, o que fica por dizer
aglutina ao redor de um velho blues,
e implora, com olhos amarelos de falcão.
Yusef Komunyakaa
Tradução de Ricardo Domeneck
sexta-feira, 21 de abril de 2017
quinta-feira, 20 de abril de 2017
Sonhar é acordar-se para dentro, poema de Mário Quintana
Sonhar
é acordar-se para dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.
Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste...
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.
Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro... eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se
numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce...
Como também disfarce é a minha vida!
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.
Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste...
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.
Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro... eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se
numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce...
Como também disfarce é a minha vida!
Mário Quintana
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