Na minha máquina de escrever faltava a letra ‘P’.
E eu ia
substituindo a letra ‘P’
Por ‘T’,
por ‘F’, por ‘V’.
O tempo
passava e tudo que existia com ‘P’
Se desfez na
minha máquina:
‘Paz’,
‘ponte’, ‘pássaro’.
No começo era
triste não haver ali ‘palhaço’,
‘Pipoca’,
‘picadeiro’.
Mas aos poucos
fui aprendendo a criar novas palavras
Me
aproveitando da ausência da letra ‘P’.
E com o passar
do tempo fui me sentindo um descobridor,
Um inventor,
um desbravador.
Às vezes
sim... Eu chorava a saudade da letra ‘P’.
(Chorava só
um pouco, nunca fui bom em longos diálogos com a Dor)
Fui crescendo
sem ‘pressa’.
E percebendo
que essa falta se apequenava
à medida em
que eu me transformava num grande mágico
De um circo só
meu!
Sempre sem
‘pessoas’,
sem ‘plateia’.
Então, depois
de muitos espetáculos mudos
realizados à
sombra da minha lona,
pude
finalmente compreender
que Poesia
sempre se escreveu com ‘S’:
‘S’
de sonho, de sozinho, de silêncio.
Viviane
Barroso
Este poema
é parte integrante da Coletânea Sarau da Boa Vista
Lançamento
da Coletânea Sarau da Boa Vista
Rua do Hospício, em frete ao
Teatro do Parque, Boa Vista, Recife – PE
Dia 27 de outubro, sábado,
às 19h
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