Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

domingo, 12 de junho de 2016

CORONA, poema de Paul Celan


Da mão o outono me come sua folha: somos amigos. 
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:
o tempo retorna à casca.

No espelho é domingo, 
no sonho se dorme, 
a boca não mente.  

Meu olho desce ao sexo da amada:
olhamo-nos, 
dizemo-nos o obscuro, 
amamo-nos como ópio e memória, 
dormimos como vinho nas conchas, 
como o mar no raio sangrento da lua.

Entrelaçados à janela, olham-nos da rua:
já é tempo de saber!
Tempo da pedra dispor-se a florescer, 
de um coração palpitar pelo inquieto,

É tempo do tempo ser.. É tempo.

Paul Celan

Tradução: Flávio Klothe