Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Minha saudosa infância, poema de Macedo


O tempo que a dificuldade e a fartura andavam de mãos dadas...
Lembro-me bem, das férias no campo,
O “interior” da minha tia,
Do banho de riacho
E do frio que fazia

Lembro bem, da hora que chegava
E da hora que partia
Era muito cedo
Que nem sol fazia

Já de madrugada
Tocava o rádio a pilha
Era de Reginaldo Rossi pra uma banda
Mas eu logo dormia

Nessa hora meu tio já ia pra roça
Quando raiava o dia
Jogava a inchada nas costas
Não tinha outra proposta

Minha tia e avó,
Logo tratavam no pesado serviço das mulheres
De “pilar” arroz a carregar por léguas
cabaça d’água na cabeça
Quando dava meio dia
Era uma bacia cheia de comida
Era tanta comida naquela bacia
Pros homens da lida

Era festa deixar comida na roça
Uma distancia que nem sabia medir
Mas era muito bom,
Eu queria era me divertir

Quando enfim chegávamos na roça
Os homens estavam famintos
Comiam tudo num instante
E eram sempre franzinos

Quando a gente avistava
Um “paiol” de melância
Cada um comia uma
A gente merecia

Via tanta fartura de melancia, melão
Que inocente perguntava:
-Tio, porque o senhor não dá aos vizinhos?
Ele respondia:
- Minha filha, todo mundo plantou e tem de sobra!

Ah!, como lembro...
Saudosa dos tempos em que tudo era difícil
Menos a coragem de trabalhar
Da fartura do plantar, colher pra comer...