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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quarta-feira, 22 de março de 2017

Site criado por professor da UNB disponibiliza obras de filósofos africanos em português




A predominância de autores europeus em estudos de filosofia nas universidades e escolas é tamanha que é como se simplesmente não existissem filósofos em outras regiões do mundo. E assim, riquezas culturais, críticas, intelectuais e de identidade simplesmente permanecem desconhecidas para o resto do mundo, diminuindo assim o próprio mundo – como é o caso da produção filosófica e crítica oriunda da África.

Parte desse problema começa na própria barreira da língua, e foi pensando nisso que Wanderson Flor do Nascimento, professor de filosofia da Universidade de Brasília, criou o site Filosofia Africana, oferecendo obras de filósofos do continente.

O próprio Wanderson se viu diante de tal dificuldade ao realizar um estudo. Segundo o professor, a maioria dos trabalhos só era oferecida em inglês e francês. Além de permitir o acesso às obras, o site pretende intensificar os estudos da cultura africana nas escolas e universidades brasileiras – dialogando as filosofias africanas com os currículos locais de estudos filosóficos.

Para Wanderson, a presença da filosofia africana não só aumenta o repertório dos alunos e professores – especialmente diante do tão pouco que sabemos sobre cultura africana de forma geral – como ajuda a entender esse legado. “Sobretudo, ajuda a desconstruir o racismo velado que paira em nossa sociedade”, ele diz.

Autores como o sul-africano Mogobe Ramose, o camaronês Jean-Godefroy Bidima, as epistemólogas e antropólogas nigerianas Oyèrónké Oyěwùmí e Ifi Amadiume, os moçambicanos José Paulino Castiano e Severino Ngoenha são os primeiros nomes indicados por Wanderson para se conhecer através do site. Em um país com a história que tem o Brasil, se debruçar sobre aspecto tão denso e significativo da cultura africana como a filosofia, e permitir o acesso de estudantes a esse material é também estudar o próprio Brasil e o mundo – real, e não só do ponto de vista eurocêntrico.