Carpina,
Rua
de São José, número oitenta.
Primeiras
e caras lembranças:
a cachorra Balalaica;
a
máquina de costura de minha avó Lídia
(quantos
mistérios a serem explorados!
Acho que foi
o meu primeiro deslumbramento).
A
Praça dos Leões
e
seus pés de coração-de-negro.
A
casa era grande
(ou
a imaginação?),
da porta ao portão,
um
longo corredor
de onde eu, menino,
observava
a chuva
e
sentia (resignado?)
a
impossibilidade de correr
e
me molhar.
Os
próximos quadros
me
levam ao bairro da Encruzilhada,
já
em Recife.
A
casa de Tia Clarisse, primeiro andar.
Os
bombons jogados por Adalgisa para mim,
do
quintal de sua casa
para
a varanda do primeiro andar
do
quarto onde eu dormia.
São minhas mais agradáveis lembranças.
Pontas
de Pedra.
Lembro-me
dos seus morcegos,
que
atacavam as árvores frutíferas,
dos
sapotizeiros, da igrejinha,
dos
espantalhos que o Padre mandava fazer
(um
dia recebi um de presente).
Lembro-me
da festa do padroeiro.
As
músicas da divulgadora local:
Cinderela,
na voz de Ângela Maria;
O
Trovador, na voz de Altemar Dutra;
A
Praça, não sei se na voz de Chico
ou
de Ronnie Von.
Do
mar de Pontas de Pedra,
veio
o meu primeiro amor: Emília.
Um dia, deitado na rede,
Emília
me beijou na boca,
(um
beijo de crianças).
O
beijo mais sincero que já recebi.
Ainda
hoje guardo um cartão
de
feliz natal de 1966,
de
Emília para mim.
(Onde
estará Emília? Será feliz?)
Ah,
o louco da cidade
e
a sua mania pelos urubus
que
sujavam os céus.
O
resto são saudades:
saudades
da inocência,
saudades
da alienação
(como
era belo e bom
o
meu mundo),
saudades
dos bombons de Adalgisa,
saudades
dos carinhos de minha avó Lídia,
saudades
de Emília, meu primeiro amor
(quando
amarei de novo?).
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Ferreira, poemas